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Tradings lucram com frete de grãos, diz transportador

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Diferença entre o valor cobrado do produtor e o pago ao transportador varia de acordo com a oferta e a demanda pelo serviço

Entra ano, sai ano e os transportadores de grãos continuam insatisfeitos com o valor do frete. E com razão, porque este segmento é o que tem as tarifas mais achatadas. O fato de se tratar da movimentação de produtos sem valor agregado é apenas parte da justificativa para esse problema. Tampouco a lei da oferta e procura contempla toda a explicação. “Tem alguém lucrando em cima do produtor e do transportador”, afirma o representante de uma empresa de transporte que não quis se identificar.
“É preciso lembrar que quem negocia o frete com o produtor é a própria trading. Ela tem uma transportadora para isso, embora sem caminhão”, conta.
Essa transportadora desconta do pagamento feito ao produtor o valor do frete até o porto e subcontrata transportadores profissionais. “Elas descontam, por exemplo, R$ 350 a tonelada”, explica a fonte da Revista Carga Pesada. E depois vão para o mercado de frete fazer uma espécie de leilão. “Quando está sobrando caminhão, elas conseguem contratar frete por R$ 250, R$ 230 a tonelada. A diferença fica com a própria multinacional. Não duvido que ganhem mais com logística do que com a comercialização do grão”, declara.
TABELAS – O frete neste ano, de acordo com ele, está mais baixo que em 2018. As tabelas com valores mínimos previstas na lei 13.703 foram ignoradas pelas tradings. Além de apostar que as tabelas serão derrubadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), as tradings estariam confiando que não serão denunciadas pelos transportadores por descumpri-las. De cada dez, apenas um estaria disposto a apresentar a denúncia à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e reivindicar o pagamento correto na Justiça.
Por isso, descumprir a lei, pelo menos por enquanto, tem valido a pena. “Uma multa e um acordo judicial no qual o contratante é obrigado a indenizar um transportador sai bem mais barato que pagar a tabela para todos os dez”, calcula. E aquele que fez a denúncia e buscou a Justiça não conseguirá mais frete na trading. “Com certeza serão bloqueados por elas.”
A Carga Pesada questionou a Anec, associação que representa os exportadores de grãos, sobre o assunto. Por meio da assessoria de imprensa, a entidade disse que seus associados “seguem as boas práticas do mercado e a legislação vigente”.
A reportagem também pediu entrevista na Aprosoja-MT, que representa os produtores de grãos. A assessoria comunicou que a entidade não iria se manifestar sobre o assunto. “Nossos interesses são voltados ao produtor.” No entendimento da associação, o tema da reportagem envolve questões das “tradings e dos caminhoneiros autônomos”.

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