Nelson Bortolin
“Costumo dizer que oportunidade é como uma mulher que só tem cabelo atrás. Se não agarrar por aquele cabelo, acaba perdendo.” A comparação é usada pelo presidente da NTC&Logística, Flávio Benatti, 62 anos, para analisar a situação econômica do País. Na opinião dele, o Brasil deixou escapar seu melhor momento durante o governo Lula, quando poderia ter investido em infraestrutura e não o fez.
Benatti diz que, “como bom brasileiro”, continua acreditando que as coisas podem melhorar, apesar dos indicadores econômicos serem negativos desde o início do ano passado. “Não estamos crescendo como poderíamos, mas somos um país continental e isso, por si só, gera demanda”, declara.
A NTC&Logística, ao lado da Anfavea, é uma das promotoras da Fenatran, que será realizada de 28 de outubro a 1º de novembro. Benatti não teme pelo sucesso da feira, embora o cenário não seja muito bom. “A Fenatran é uma feira consolidada, e quem está no setor de transporte continua investindo. Pode ser que não tenhamos o recorde de dois anos atrás, mas também se acontecer não será surpresa.”
Natural de Santos, diretor da Transportes Benatti e da Benatti Armazéns Gerais, há 20 anos Flávio Benatti ocupa cargos na diretoria da NTC&Logística, entidade que congrega 3.500 empresas de transporte. Atualmente, também é presidente da Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de São Paulo (Fetcesp).
Na opinião dele, o Brasil “só sai do marasmo” com parcerias público-privadas. “Temos uma esperança muito grande que a empresa pública de logística (EPL), criada pelo governo, possa vir a estimular essas parcerias. Dados da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) apontam a necessidade R$ 600 a R$ 700 bilhões nesta área, dinheiro que o governo não tem”, salienta.
Outro gargalo a ser superado é o da mão de obra. “Qual é o jovem que, ao decidir por uma profissão, escolherá ser caminhoneiro com todos os problemas de que estamos falando?”, pergunta.
Na opinião de Benatti, o TRC pode melhorar sua rentabilidade a partir de janeiro do ano que vem, quando as empresas de transporte poderão optar por recolher para a Previdência 1% do faturamento e não mais 20% da folha salarial. “Mais de 85% das empresas do TRC – as que dão mais empregos – vão se beneficiar”, informa.