DAF - Oportunidade 2024

Filas de caminhões sumiram… da vista

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Scania Combustível

Cubatão Tratada

Jeyson Nascimento, Ralfo Furtado e Nelson Bortolin

Quem rodou pelas estradas nas proximidades de Santos nos primeiros meses do ano pode até pensar que o governo, com o sistema de agendamento de descarga no porto, conseguiu resolver o problema das filas de caminhões na época da safra. Mas é só aparência. Em Mato Grosso, o transportador continua sendo vítima da exploração de sempre. Os postos de combustíveis estão lotados de veículos de carga esperando serem chamados para descarregar. E agora também tem fila de caminhão vazio esperando para carregar, como pode ser visto em Sorriso (confira na pág. 12). Sem contar o tempo que se perde com o troca-troca de notas fiscais.
Para completar, a novidade que tem o pomposo nome de Complexo Intermodal da América Latina Logística (ALL), de Rondonópolis, recém-inaugurado, oferece péssimas condições de trabalho para os estradeiros. Ali é que as cargas são transferidas para o trem. Como nos antigos terminais de Alto Araguaia e Alto Taquari, os motoristas continuam a amassar barro quando chove e a comer poeira quando sai o sol. Mas em Rondonópolis a ALL também organizou um sistema para evitar as filas… na rodovia.
Com mais de 30 anos de profissão, Sergio Ricardo, de Paranavaí (PR), esperou três dias, no Posto Ursão, a 25 quilômetros do novo terminal de Rondonópolis. Isso foi no final de março. “Agora temos que registrar a chegada em determinados locais para ser feito o agendamento. Não adianta ir direto ao terminal ou ao porto para tentar descarregar”, explicou. Ricardo ressaltou que cada trading tem uma cota de caminhões por dia para embarcar, seja na ALL, seja em Santos.
O paranaense Adelmo Mendes, 30 anos de estrada, reclama das paradas para troca de notas. Em cada troca, é pelo menos um dia de espera. Já Marcio Meurer, que ia carregar em Rondonópolis, reclamou que a vida ficou mais difícil com o agendamento. “Estou há 24 horas esperando para carregar. Dizem que tenho de esperar para não comprometer o sistema de agendamento.”
O motorista Eliseu Ribeiro, de Cuiabá, acha o sistema de agendamento “uma piada”. “As filas e a precariedade são as mesmas, só ficamos parados em outros lugares, diferentes dos de antes”, afirma.
Rogério D’Ávila discorda, em parte, de Eliseu. Ele diz que, este ano, não perdeu mais que 24 horas para descarregar na ALL – até o ano passado, chegava a esperar mais de três dias. Contudo, explicou que, apesar de fazer trechos pequenos, muitas vezes precisa trocar as notas fiscais do produtor uma ou até duas vezes ao chegar às tradings. “Sei que em grandes percursos são feitas mais trocas e aí o prejuízo do caminhoneiro é maior”, observou.

Eliseu Ribeiro, de Cuiabá, critica o agendamento: “A precariedade continua a mesma”

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Filho de caminhoneiro e há 11 anos na estrada, Daniel Wengrat também está desanimado. “Agora tenho de parar mais vezes nos postos de combustíveis, que cobram pelo menos R$ 20 por dia para eu estacionar”, afirma.
No Complexo Intermodal da ALL, em Rondonópolis, o gerente Ivandro Paim assegura que o Sistema de Controle de Originação, que regula a quantidade de senhas liberadas para as tradings, funciona. Ele diz que há um controle rígido no acesso diário de veículos para as três áreas de espera do terminal, que comportam até 500 caminhões. Somente a área principal, para a qual se dirigem os caminhões agendados, é pavimentada. Segundo ele, as outras duas servem para acomodar os motoristas que chegaram antes ou depois do horário e para “contingenciamento”.

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