Nelson Bortolin
Reportagem Local
Ao final de um ano em que o mercado de caminhões novos recuou 13% de janeiro a outubro, na comparação com o mesmo período de 2013, as concessionárias estão correndo contra o tempo para fechar negócios. É que o prazo para aprovação de vendas pelo Programa de Sustentação do Investimento (PSI) na modalidade simplificada se encerra dia 21, na próxima sexta-feira. E o do modelo convencional já terminou no final de outubro.
Salvo alguma mudança de última hora por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), dezembro será um mês morto para o mercado de caminhões novos no Brasil, já que as linhas do banco estatal respondem por mais de 90% das vendas desses veículos . Além disso, é grande o risco de que as lojas passem as primeiras semanas de janeiro às moscas, como aconteceu no ano passado, aguardando as novas regras do BNDES.
“Fomos pegos de surpresa”, afirma o diretor comercial da Auto Sueco São Paulo (concessionária Volvo), Luís Gambim. Segundo ele, o mercado esperava que teria até o fim do ano para trabalhar ao menos com a modalidade convencional. Por este modelo, o banco pega a documentação do comprador e manda para o BNDES, que a analisa e autoriza o faturamento. No simplificado, é o banco que autoriza o faturamento e, depois, manda a documentação para o BNDES. No primeiro caso, a concessionária pode levar até 90 dias para receber o dinheiro. Já, no modo simplificado, esse prazo é de poucos dias.
“O prazo dado para o BNDES para o modelo simplificado foi dia 5 de dezembro, mas os bancos precisam de um intervalo de tempo para o caso de algum problema com a documentação e nos deram só até o dia 21 (de novembro) para faturarmos”, explica o diretor. Ele diz que as lojas da Auto Sueco estão numa “correria danada” para antecipar os negócios e que já faltam caminhões, uma vez que a indústria não dá conta de entregar, em novembro, os veículos programados para dezembro. “Neste momento, o cenário é muito preocupante”, declara.
O diretor diz que há representantes do setor discutindo o problema com o BNDES. E que o banco estatal teria sinalizado a disposição de antecipar uma normativa com as novas regras do PSI já na próxima semana. O mercado espera que os juros do programa, que hoje são de 6% ao ano, serão elevados até 9%, o que, segundo Gambim, ainda é uma boa taxa. É menos da metade da cobrada em leasing e CDC.
“O mercado está em ebulição, está nervoso”, afirma Fernando Xavier Mourão, gerente comercial da Konrad Paraná (concessionária Ford), de Maringá. Segundo ele, apesar da correria para antecipar faturamento, não será possível fechar em novembro todos os negócios que seriam feitos em dezembro. “Estamos correndo para minimizar o prejuízo”, afirma.
Gerente da Rota Oeste (casa Scania), de Cuiabá, Janilson Almeida diz que a loja tinha expectativa de continuar realizando financiamentos pelo sistema convencional até dezembro. “Estamos correndo, mas não conseguiremos antecipar tudo porque as montadoras não têm como antecipar as entregas”, afirma. Quem também está em ritmo de correria é a Escandinávia (Scania), de Sorocaba. “Perdemos um mês”, afirma o gerente de Vendas, Sandro de Oliveira, adiantando que não fechará negócios em dezembro.
A assessoria do BNDES negou que tenha havido mudanças de regras. Diz que as interrupções de final de ano são previstas e que o mercado sabe disso. Também ressalta que o banco estatal implantou o modelo simplificado a pedido das concessionárias. Em nota enviada à Carga Pesada, a assessoria afirma que “não faltará financiamento do BNDES para a aquisição de caminhões neste final de 2014 e em 2015”.
Um ano difícil
As concessionárias de caminhões vão fechar o ano com retrações de 10% a 35% em relação ao ano passado. Apesar disso Luís Gambim, da Auto Sueco, diz que não considera 2014 um ano ruim porque a loja e a Volvo ganharam participação no mercado. Mas admite que as vendas caíram 10%. Em relação ao próximo ano, de acordo com ele, a expectativa é de estabilidade. “Trabalho com a perspectiva de que seja um ano parecido com 2014.”
Fernando Mourão, da Konrad, calcula a retração em 15%. “Mas há segmentos que caíram 30%. Nós não sentimos tanto porque trabalhamos em todos os segmentos”, declara. A loja de Maringá vendeu menos caminhões extrapesados e mais leves.
Na Rota Oeste de Cuiabá, as vendas caíram 35%. “Foi um ano muito difícil”, avalia Janilson Almeida. O cenário para o próximo ano, na visão dele, é uma “incógnita”. “Mas não vejo nenhum aceno de que o mercado de caminhões estará comprador em 2015”, avisa.
Apesar das dificuldades, Sandro de Oliveira diz que a Escandinávia não demitiu funcionários neste ano. “Pelo contrário: contratei mais vendedores para buscarem clientes novos”, conta. Atuando numa região produtora de cana de açúcar, a loja sofreu com a quebra da safra. “Os clientes ficaram com medo de investir”, explica. Em relação ao próximo ano, ele se diz otimista. “Espero que será bem melhor, com um crescimento de pelo menos 20% nos negócios.”
1 comentário
PRA FICAR RUIM PRECISA MELHORAR MUITO, TODAS AS MARCAS NAO TEM VEICULO PRA ENTREGAR, PARECE QUE NAO TA TAO RUIM ASSIM COMO DIZEM, PREÇOS DOS CAMINHOES ESTAO MUITO ALTO É BOM QUE NAO TENHA FINANCIAMENTO QUEM SABE OS PREÇOS BAIXEM.