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Custando cerca de R$ 300, exames toxicológicos já são obrigatórios

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Nelson Bortolin

Revista Carga Pesada

 

 

Com preços próximos de R$ 300, os exames toxicológicos de larga janela de detecção tornam-se obrigatórios a partir desta quarta-feira (2) em todo o País. Apesar de ter credenciado apenas cinco laboratórios de última hora (as portarias são dos dias 25 e 26 de fevereiro), o Departamento Nacional do Trânsito (Denatran) afirma que já é possível cumprir a deliberação 145 do Conselho Nacional do Trânsito (Contran) e a portaria 116, do Ministério do Trabalho e Previdência Social, que regulamentam o assunto.

A portaria do Ministério prevê que o exame deve ser feito pelos motoristas empregados no momento em que eles são admitidos e também na demissão. Já a norma do Contran exige o exame para todos os motoristas profissionais (incluindo autônomos) quando eles são habilitados nos Detrans, ou quando mudam das categorias C, D e E.

Foram credenciados os seguintes laboratório: Laboratório Morales (com sede em Lins-SP), Laboratório Chromatox e Maxilabor Diagnósticos (ambos em São Paulo), Citilab Diagnósticos e Psychmedics Brasil (ambos em Santana da Parnaíba-SP), e Contraprova Análises, Ensino e Pesquisa (Niterói-RJ).

A Carga Pesada conseguiu contato com dois deles, que atuam em rede própria e com parceiros. Camille Lages, responsável pelo marketing do Citilab, informou que o exame está disponível por R$ 295. “Temos 1.700 coletores treinados em aproximadamente 1.200 unidades de coleta distribuídas por 400 municípios”, afirma.revista-carga-pesada-motorista-volvo

O diretor do Maxilabor, Anthony Wong, conta que pode fazer o exame em parceria com qualquer laboratório do Brasil. E que já atende toda a rede da Unimed do Brasil e a da Comaxi. São cerca de 2 mil pontos de coleta, segundo ele. “Nós cobramos R$ 200 por exame. E sugerimos ao posto de coleta que cobre R$ 80. Então, são R$ 280”, afirma, ressaltando que os pontos de coleta têm autonomia para cobrarem valores diferentes dos R$ 80 sugeridos. Wong conta que o exame fica pronto em 48 horas, se negativo e, em 72 horas, se tiver “indícios de problemas”.

A reportagem tentou entrevistar algum representante do Denatran nesta terça-feira (1). Mas a assessoria afirmou que não havia disponibilidade de agenda. Por email, a Carga Pesada perguntou se o órgão entende que já é possível realizar os exames em todo o Brasil e se irá divulgar uma lista com os locais de coleta. Mas ainda não houve resposta.

O exame toxicológico de larga janela de detecção, feito a partir de um fio de cabelo do motorista, tem gerado grande polêmica. No Estado de São Paulo, ele está suspenso para habilitação e mudança de categoria de CNH por força de uma liminar obtida pelo Detran.

Em seu site, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) considera a medida discriminatória porque é imposta apenas aos profissionais do setor e não aos demais motoristas. A entidade acredita que a obrigatoriedade foi aprovada por influência dos laboratórios e setores da medicina para “obter vantagens às custas dos trabalhadores”. A confederação também critica o fato de os autônomos terem de pagar pelo exame. “Impor o pagamento a todos os motoristas onera substancialmente a classe.”

Já o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo (Setcesp), Tayguara Helou, mostrou-se favorável. “É um ganho, pois o problema da droga é muito grande em todo o mundo e a gente tem de olhar para ele com seriedade”, afirma ele, em entrevista à Carga Pesada. Mas o empresário não concorda com a forma como o exame foi implantado. “Vou fazer um exame no motorista na hora de contratá-lo, ok. Se der positivo, eu faço o quê? Encaminho esse motorista para onde? Ele vai ter tratamento?”, questiona. O mesmo problema ocorrerá, na opinião dele, se o funcionário que está sendo demitido tiver um resultado positivo. “O que o empregador vai fazer com essa pessoa?”revista-carga-pesada-capa-edição-digital-2

O editor do site SOS Estrada, Rodolfo Rizotto, é um dos maiores defensores do exame no País. Ele afirma que a adoção deste teste nos Estados Unidos fez as ocorrências de mortes nas estradas caírem “vertiginosamente”. Em sua página da internet, Rizotto publica entrevistas com empresários do transporte americanos avaliando a medida. Quem quiser ver as entrevistas legendadas deve clicar aqui.

O exame foi o tema de destaque da Revista Carga Pesada Digital que circulou este mês. CLIQUE AQUI E SAIBA MAIS

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