Edição 188 – out/nov/2016
Esta é a regra básica a ser respeitada ao colocar uma carga num caminhão: o centro de gravidade da carga deve coincidir com o centro geométrico (o meio) da carreta.
Quem respeita esta regra ganha tranquilidade, explica o engenheiro mecânico Rubem Penteado de Melo, da TRS Engenharia, de Curitiba. “Se a carga estiver dentro do limite de peso e ocupar toda a carroceria (Figura 1), não haverá problemas nas balanças”, diz ele.
A regra vale para quase todos os conjuntos, com exceção daquele que o DNIT chama de 2S3, constituído por um caminhão-trator de dois eixos (4×2) e com carreta longa com três eixos juntos (mais de 14 metros). Nesse, o centro da carga deve ficar um pouco para trás do centro da carreta.
Mas vamos falar da regra geral, e não da exceção. A regra é que, se a carga não ocupa todo o comprimento da carreta, é preciso colocá-la no centro, deixando espaços iguais na frente e atrás (Figura 2). “Não pode se esquecer de amarrar a carga, para não tombar”, adverte Rubem de Melo.
Mas atenção para esta pergunta: com uma carga de grande densidade, isto é, de grande concentração de peso, basta centralizar também?
A resposta é “não”. Segundo o engenheiro, “a carga muito concentrada pode deformar, entortar o chassi da carreta ou até causar trincas, especialmente próximo à mesa do pino-rei”. É o que está ilustrado na Figura 3.
Rubem ressalta que as carretas convencionais são projetadas para cargas distribuídas, não para as concentradas. “Para cargas concentradas, são indicadas carretas especiais, como pranchas ou carrega-tudo”, informa.
Para resolver o problema da carga concentrada na carreta convencional, é preciso separá-la em dois pacotes: um sobre a quinta roda e outro na suspensão da carreta. Mas, nesse caso, existe uma continha que precisa ser feita. “Ela vai mostrar se
o centro de gravidade da carga ainda está no centro geométrico da carreta”, diz o engenheiro.
Veja a equação acima (Figura 4). Nela temos o peso dos dois pacotes (P1 e P2), o comprimento dos dois pacotes (L1 e L2), a distância entre eles (D) e o comprimento total da carreta (L). Com esses dados, pode-se encontrar a média ponderada que vai permitir colocar o centro da carga na posição correta (Figura 5).
Rubem Melo explica como interpretar o resultado da equação: “Se o resultado da esquerda for igual a L/2, a distribuição está perfeita. Se o resultado for maior que L/2, a carga está traseira. Se o resultado for menor que L/2, a carga está dianteira”. Para corrigir a distorção, é preciso ir alterando o valor de D até acertar o resultado. “Isso vale para quase todos os tipos de carretas, exceto a 2S3 com carreta longa”, reforça ele.
Como se vê, um problema de fácil solução. “Nada que uma calculadora de R$ 1,99 e uma trena não resolvam”, completa o engenheiro.