Estimativa é de um aumento de R$ 0,12 no litro
Nelson Bortolin/Revista Carga Pesada
O reajuste no preço do óleo diesel – aprovado pela Petrobras na semana passada – preocupa o transporte rodoviário de carga, que já vive uma situação difícil. O último levantamento disponível no site da Agência Nacional de Petróleo (ANP), realizado de 1º a 7 de janeiro deste ano, ainda não capta o aumento. Mas, se for confirmada a estimativa da própria Petrobras, ele é de R$ 0,12 na bomba – uma variação maior do que a dos últimos 12 meses (ver quadro).
Pesquisa feita pela reportagem no site da agência revela que somente em uma situação o aumento no período de um ano foi maior que R$ 0,12. Isso ocorreu com o S10, na média de preço do Norte do País – onde o combustível subiu R$ 0,17 de janeiro de 2016 para janeiro deste ano. No Sul e no Sudeste, o aumento não ultrapassou R$ 0,05 nos 12 meses.
O paranaense Giancarlo Pasa, diretor da Federação Nacional dos Postos de Combustíveis (Fecombustíveis) e da rede de postos Túlio, afirma que já está pagando cerca de R$ 0,12 mais caro pelo combustível. “Não dá para afirmar se todo mundo vai repassar esse aumento. Pode ser que tenha posto trabalhando com uma margem alta e resolva não aumentar agora. Outro pode estar com margem pequena e repassar tudo”, afirma.
De acordo com ele, a nova política de reajuste da Petrobras – que leva em conta os preços internacionais dos combustíveis – tem trazido instabilidade ao mercado. “A questão do diesel é complexa porque chega muito produto importado. Às vezes, ele fica mais barato porque está chegando diesel importado em maior quantidade. Às vezes acontece o contrário.”
O empresário do setor de transporte, Gilson Baitaca, de Mato Grosso, diz que o diesel subiu R$ 0,10 no Estado. “Aqui em Mato Grosso o aumento já está na bomba desde o final de semana. O diesel estava em média R$ 3,26 e foi para R$ 3,36.” De acordo com ele, o combustível representa hoje de 63% a 72% do valor do frete, dependendo da região do Estado.
O sobe desce de preços da nova política da Petrobras, segundo o empresário, é uma dificuldade a mais para o setor. “No ano passado, houve uma diminuição de quatro centavos na bomba. E, só de saber da notícia da queda, os embarcadores já congelaram qualquer aumento no frete”, afirma. Com pouco poder de barganha, os transportadores têm dificuldade de negociar o último aumento.
IMPACTO
O Departamento de Custos Operacionais, Estudos Técnicos e Econômicos da NTC&Logística(Decope) fez os cálculos do impacto do aumento de R$ 0,12 sobre o transporte rodoviário de carga. “A previsão é que o custo (do frete) tenha um aumento médio de 0,85% (distâncias de 800 km), mas o número pode variar para mais ou para menos de acordo com a distância percorrida pelo veículo”, explica Neuto Gonçalves dos Reis, diretor técnico da NTC&Logística, no site da entidade.
O cálculo considerou o consumo de combustível de um caminhão trator 4×2 tracionando carreta furgão de três eixos, com capacidade para 26,2 toneladas de carga. Para quilometragens longas (2,4 mil km), o aumento pode chegar a 1,10%. Ainda de acordo com o estudo, o custo do caminhão pesado poderá sofrer um impacto de 0,15% quando o trajeto for de 50 km, 0,65% em um trajeto médio de 400 km e 1,22% quando o trajeto for muito longo.
O diretor ressalta que os valores foram baseados em carga lotação e, dependendo da operação, a representatividade do combustível varia de 15% a 40%. Em operações urbanas ou rotas curtas, o combustível pode representar entre 15 e 20% do custo de operação. Já em uma operação rodoviária do agronegócio, onde são utilizados veículos pesados que percorrem grandes distâncias, o peso do combustível pode subir para 40% ou mais.