A caminhoneira cativa todo o mundo: os homens aplaudem e ajudam
Na edição do mês dos caminhoneiros e das caminhoneiras, encontramos em um posto da BR-153, no interior de Goiás, a paulistana Noemy Nascimento dos Santos. Pessoa de riso fácil, ela está realizando o sonho de viver pelas estradas esbanjando simpatia e muita energia do alto dos seus 51 anos de idade.
“Estou nesta profissão não pelo salário, mas por paixão, é o que sempre quis fazer e só agora, há três anos, consegui.” É que as filhas cresceram e ela se separou: “Meu marido não gostava que eu dirigisse nem carro de passeio”, conta.
Depois de várias viagens acompanhando parentes e amigos caminhoneiros e do curso de Caminhão Escola na Fabet de Concórdia (SC), Noemy trabalha na entrega de caminhões novos do fabricante para a rede de concessionários, ou seja, em cada viagem está com um caminhão diferente. No momento da entrevista, dirigia um Scania P340 com cabine leito. “Paramos de dirigir por volta das nove da noite. Não costumo jantar, apenas descanso e retomo no outro dia por volta das oito da manhã”, conta sobre sua rotina de trabalho.
A volta para casa é sempre de ônibus. Normalmente, nos finais de semana Noemy retorna para casa, vê as filhas, lava as roupas e na segunda sai para mais uma semana de viagem. Eventualmente, como aconteceria no final de semana da entrevista, voltaria para o pátio da transportadora e de lá, no sábado mesmo, sairia para outra viagem sem tempo de passar em casa: “Minha filha mais velha sente mais falta da mãe por perto, a mais nova acha que tenho mais é que fazer o que tenho vontade”.
Nas estradas, a convivência com os caminhoneiros é tranquila e solidária: “Quando passam por mim nas estradas e veem uma mulher no volante, aplaudem e, sempre que preciso de alguma coisa, estão prontos para colaborar”. O maior problema são alguns pontos de parada, postos com banheiros tão sujos que não dá nem para usar: “Pelo alto preço dos pedágios, as concessionárias de rodovias teriam que oferecer aos caminhoneiros pontos de apoio com toda estrutura, mas isso nem sempre acontece. É o caso de rodovias como a Washington Luiz, por exemplo”, reclama, mas sem perder o sorriso e o bom humor.
Noemy quer mesmo é trabalhar só com carretas e acha que em breve realizará mais este sonho que deve obrigá-la a passar mais tempo fora de casa: “Tenho recebido várias propostas de trabalho”. Se ganhasse na loteria, compraria uma casa no interior, “de preferência no Oeste de Santa Catarina, gosto muito daquela região” e, claro, um caminhão próprio. Realista, acha difícil conquistar esta autonomia: “O financiamento para os caminhoneiros continua muito difícil de conseguir”.
Noemy nos pede para publicar um agradecimento a duas pessoas que confiaram na sua capacidade no início da profissão: “Gostaria de agradecer ao Ernesto Balsan, da EB Transportes, e ao motorista Dirlei Mauri Appel, com quem viajei várias vezes para adquirir experiência antes de dirigir”.