Transportadores mineiros fazem feira e encontro para comemorar o bom entrosamento do setor
Luciano Alves Pereira
O Encontro Mineiro do TRC e a feira paralela Minastranspor chegaram à 14ª. edição com cara nova, no final de outubro. O evento, promovido pela Fetcemg e realizado no pavilhão da Expominas, em Belo Horizonte, dobrou de frequência e tamanho, comparando com o de 2008. Foram 11 mil m² utilizados por 56 expositores, entre eles fabricantes de caminhões como Volvo, Scania, Iveco e MAN (Volkswagen). Fora concessionárias das demais marcas, além de representantes de implementos como Randon e Baresi.
À parte, destacou-se a NC² (pronuncia-se NC square), a novata montadora de caminhões, fruto da joint-venture da Navistar/International com a Caterpillar, ambas americanas. Através de seu distribuidor local já nomeado, a Interforce, apresentou o extrapesado International, modelo 9800i. Trata-se de um cara-chata de 417 cv, agora com câmbio sincronizado, com o qual a marca retoma os negócios no mercado brasileiro, de onde tinha se retirado em 2002. Os debates e palestras miraram na sustentabilidade do negócio e na responsabilidade social.
No dizer do consultor da entidade promotora da feira, Luciano Medrado, “a Minastranspor só perde em importância no Brasil para a Fenatran”. O presidente da Fetcemg, Vander Costa, destacou a inovação adotada no jeito de promover o evento, antecedido por encontros regionais em cidades como Uberlândia, Juiz de Fora e Poços de Caldas. Para Vander Costa, “o resultado foi muito bom”.
A aproximação com o interior refletiu-se na outorga das medalhas do Mérito do Transporte Rodoviário de Carga Mineiro. Nesse 14° EMTRC, coube a Sebastião Nogueira, do Grupo Petrominas, de Itajubá, a medalha da categoria Empresário. Já a de Empresa ficou com a Transbittar, de Uberlândia, representada por Antônio Bittar Sobrinho. Na categoria de Político, a Fetcemg homenageou o deputado estadual Agostinho Patrus Filho, que também toca empresa de transporte. O bem-amado José Antônio de Assis, presidente do sindicato de cargas de Juiz de Fora e diretor da Picorelli, recebeu a medalha de Líder Sindical, enquanto o jornalista Márcio Dotti, diretor da Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, pegou a medalha Especial Jornalista. Dois grandes nomes do ramo, já falecidos, tiveram seus nomes lembrados e exaltados: José Diniz Lobato, fundador da Transavante, de Pedro Leopoldo; e Vicente Costa, um dos fundadores e primeiro presidente da Fetcemg. Suas viúvas receberam medalhas.
Morre o desbravador José Moreira
Cavaleiro de primeira ordem do TRC de Minas, José Moreira de Oliveira morreu no final de outubro. Teve um enfarte. Com 84 anos, dedicou toda a sua vida ao Transporte Rodoviário de Carga. Era acionista e diretor da Empresa de Transporte Minas-Goiás, de Belo Horizonte.
Moreira foi um bandeirante mineiro, quando empreendeu arrojada expedição, em 1947, da terra natal Crucilândia (MG), a 100 quilômetros da Capital, ao então ermo Corumbá de Goiás. Onze dias com uma mudança na carroceria de um Chevrolet 1943 que pertencia a seu cunhado Afonso Egydio de Souza.
Finda a viagem, Afonso e Moreira se voltaram para o novo ramo de negócio, que apenas engatinhava. Moreira tocou caminhão por uns anos naquela linha. O penoso aprendizado o transformou num perfeccionista da manutenção.
José Moreira conhecia “cada palmo do seu chão”, como diz a música. Tinha “apego histórico” pela Serra da Saudade, o mais difícil obstáculo topográfico entre o centro do Estado, o Triângulo e Goiás. Foi um tortuoso desafio para caminhões carregados, quando o fluxo para a construção de Brasília atingiu seu pico.
Moreira conhecia muitas histórias da estrada. Contava a quem quisesse ouvir. Este repórter ouviu muitas – e “in loco”, lá na Serra da Saudade, à beira dos precipícios por onde despencaram muitos caminhões.
Agora tenho de noticiar que esse companheiro se foi. A serra continua lá. A saudade se redobra. (Luciano Alves Pereira)