LUCIANO ALVES PEREIRA
Os caprichos do destino não têm limites, muito menos piedade. Em 22 de maio, José de Cássia Pereira e seu sorrisão sedutor completariam 52 anos. Completariam… Nascido no pólo caminhonístico de Cláudio, no oeste mineiro, Zezé do Bejo foi estradeiro “desde quando vestia calça curta e só esperou a perna alcançar o pedal de freio para choferar caminhão”, conta o seu irmão Nonato do Bejo.
Aprendeu a profissão com o pai Benjamim Raimundo Pereira, seu conterrâneo nascido em 1927. Este tocou GMC, International a gasolina nos anos 1940. Tinha apelido de Bejo, o qual passou por herança ao Zezé. O que intriga a gente, no entanto, é que no final do ano passado, Zezé comprou o seu primeiro caminhão zero km, após 40 anos de andação. Por isso tinha agendado entrevista com a Carga Pesada. Fotos feitas e apresentações ao seu Scania 340 com carreta Guerra, idem, e o Zezé do Bejo surpreende a estrada ao falecer no dia 1° de janeiro.
Não foi acidente. Aparentemente não padecia de qualquer mal comprometedor, mas surgiu-lhe um hipertireoidismo estranho, além de raro, que o levou de nosso convívio. Seu primeiro caminhão foi o Mercedes 1313 trucado, ano 1973, estreado na viagem a Astolfo Dutra (MG), para pegar açúcar de uma usina local e descarregar na Alterosa Refrigerantes, de Belo Horizonte.
Depois disso passou para carreta LS-1519, LS-1525, Scania 112 H e Scania jacaré. Alguns destes continuavam próprios porque na cidade há fartura de profissionais confiáveis. O mais importante, contudo, foi o jeito de ser do Zezé caminhoneiro. Havia diferenciação no seu comportamento, realçando-lhe a feição humana.
Ele tinha um olhar solidário para com o andarilho estradeiro. Nas suas paradas em restaurantes, ele encomendava vários marmitex (ou quentinhas) e os levava para distribuição aos caminhantes que cruzassem no trajeto. Nos meses de inverno, providenciava cobertores também. Nesse Brasil de meu Deus, Zezé certamente não era único, mas em 40 anos de ‘rodo-escrituras’, eu nunca soube de outro com essa ‘consciência do entorno’. Daí, só resta repetir o que diz o seu ‘santinho’ da missa de sétimo dia: “Eu pedi amor e Deus me deu pessoas com problemas para ajudar”. Sem ele, a rodovia Fernão Dias nunca mais será a mesma, mas Zezé do Bejo cumpriu sua missão.
3 Comentários
Que São Cristóvão lhe acolhe, Zé do Bejo.
Realmente: Isto,tem um nome solidariedade,amor ao próximo,Sua missão continuará!Com uma diferença,numa maior dimensãoNa amplitude de DEUS. Gilberto Eduardo Chaves- Motorista de caminhão.
ZÉZÉ vc foi nosso irmão e continuara sendo pra semprepra nois que o conheciamos bem e muito gratificante ver vc sendo reconhecido pela sua bondade acreditando sempre no bem vc sera sempre um exemplo de bomsamaritano que foi quardaremos seu bom humor pra sempre descanse em paz meu irmãosaudades muitas saudades vc cumpriu sua missão