Guto Rocha
Quem chega a Maringá, no Paraná, pela BR-376, enfrenta um trânsito caótico no trecho urbano da rodovia, a Avenida Colombo. E tudo piora perto de um viaduto em construção, na saída para Londrina. A obra, paralisada há quase um ano, faz parte do chamado Contorno Norte, que foi planejado exatamente para desviar o trânsito de dentro da cidade.
A BR-376 liga Maringá a Curitiba e ao Mato Grosso do Sul, e forma um importante entroncamento com a malha ferroviária da América Latina Logística (ALL). Este encontro potencializou o setor de transporte de cargas de Maringá.
De acordo com o secretário municipal de Transportes, Valdir Pignata, a Avenida Colombo recebe mais de 80 mil veículos por dia, o que a transforma “numa das vias com maior volume de tráfego do Estado”.
A cidade é o destino de muitos caminhões de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e do próprio Paraná, que levam soja para os trens da ALL.
A ALL tem 12 terminais no município, que receberam no ano passado 6.373.682 toneladas de produtos como soja, farelo, óleo vegetal, açúcar, cimento, combustíveis e outros.
O diretor do Grupo G10, Claudio Adamuccio, observa que a privatização da ferrovia não atrapalhou o crescimento do setor de transporte rodoviário de cargas no município. “A rodovia alimenta a ferrovia”, diz. “Não há concorrência porque os modais são muito diferentes, têm custos muito diferentes. Mas um faz o que o outro não pode fazer.”
O setor de transportes é muito importante para a economia de Maringá, afirma o secretário dos Transportes. “Grandes transportadoras têm matriz aqui, e as maiores do Brasil têm filiais”, comenta.
Valdir Pignata destaca que a presença deste “parque de logística” também contribuiu para o desenvolvimento do setor de serviços, peças, comércio e da indústria metalomecânica regional. Segundo ele, a frota de caminhões emplacados em Maringá é de quase 15 mil veículos; na região metropolitana, o total ultrapassa 20 mil.
Mas o setor, segundo empresários e lideranças ouvidas pela Carga Pesada, enfrenta o sério gargalo representado pelas obras paralisadas do Contorno Norte. Nelson Matsuda, sócio da Rodoviário Matsuda, empresa que está em Maringá desde 1966, afirma que o atraso nas obras atrapalha toda a cidade. “Mas os caminhoneiros são os que mais sofrem. Perdem tempo, combustível e dinheiro com tantos semáforos e lentidão”, diz.
Adamuccio também classifica a paralisação das obras como um “ponto negativo” para Maringá. “Foram gastos mais de R$ 140 milhões em uma obra que não trouxe nenhum benefício até agora. Dizem que só falta assinar uma ordem de serviço para a retomada dos trabalhos. Mas falta a decisão política.”
O secretário do Sindicato dos Rodoviários de Maringá, Emerson Luis Viana Silva, também diz que a questão é política. “A obra seria muito importante para Maringá, a avenida Colombo é a recordista em acidentes fatais”, assinala.
Segundo o presidente do Sindicam de Maringá e região, Osvaldo Reginato, o projeto do Contorno Norte, antes mesmo de ficar pronto, já está defasado. “Este projeto tem 30 anos, e com o crescimento da cidade o contorno vai ficar dentro do perímetro urbano. Deveria ser refeito”, opina.
Outro trecho que apresenta problemas em Maringá, segundo as fontes ouvidas pela Carga Pesada, é o Contorno Sul. Construído há mais de 20 anos, também já está dentro da cidade. Com 13 quilômetros, serve de passagem para quem vai de Londrina a Foz do Iguaçu.
Segundo o secretário de Transportes, já existem projetos para a reforma e ampliação do Contorno Sul e uma negociação com o governo do Estado para que o trecho (que é municipal) seja assumido pelo DER. Por enquanto, o certo é que serão construídas três rotatórias na via, para reduzir a velocidade dos veículos.