No primeiro pagamento, serão pagas duas das seis parcelas de R$ 1 mil previstas para o benefício do governo
Nelson Bortolin
O governo federal começa a pagar na próxima terça-feira o auxílio caminhoneiro. A estimativa é que 900 mil profissionais sejam beneficiados. No total, serão seis parcelas de R$ 1 mil. Neste dia 9 de agosto, serão pagas duas (uma se refere a julho). Depois serão mais quatro pagamentos: em 24 de setembro, 22 de outubro, 26 de novembro e 17 de dezembro.
Os profissionais que têm direito ao Benefício Emergencial aos Transportadores Autônomos de Carga (Bem Caminhoneiro) receberão o dinheiro por meio de contas do Caixa Tem abertas pelo governo. E poderão transferir os valores por meio do aplicativo do programa. O motorista precisa estar cadastrado no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC) até 31 de maio de 2022. E ter Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e o CPF válidos.
Clique aqui para ver se você tem direito ao benefício.
O pagamento é regulamentado pela portaria interministerial número 6.
Veja como baixar o aplicativo nos celulares Android.
Apesar da proximidade do início do pagamento, nas estradas, pouca gente sabe como vai receber.
A Revista Carga Pesada conversou com autônomos nesta quinta-feira (4) em Londrina.
Roberto Ferreira Vidal, autônomo de Ponta Grossa (PR), diz que não teve tempo de ir atrás do benefício, mas afirma tratar-se de uma ajuda bem-vinda. “Melhor seria se o preço do diesel caísse e aumentasse o valor do frete”, ressalva. Ele acredita que a medida foi tomada para ajudar na campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Mas não está preocupado com isso. “A nossa situação está muito difícil.”
Vidal, que também é youtuber, tem um Scania 112, ano 1988 e transporta carga em geral.
Outro que não tem ideia de como receber o benefício é Ercio Neidzel, de Agudos do Sul (PR). “Quando chegar em casa vou procurar um despachante para me ajudar”, conta. Ele afirma que o dinheiro extra vai trazer um alívio num momento em que o diesel está muito caro. “Tiraram o ICMS, a gasolina e o álcool baixaram, mas o diesel não”, reclama.
Dono de um Scania 1113, ano 1979, o motorista também acredita que o benefício tem caráter eleitoreiro, mas veio em boa hora. “Dá para pagar um pneu, uma coisa ou outra”, alega.
William José Leal, de Londrina (PR), até foi atrás do cadastro para receber o auxílio, mas descobriu que não terá direito. É que, há 9 anos, ele abriu uma transportadora e o caminhão está no nome dessa pessoa jurídica. “Tenho só um caminhão, sou eu mesmo que dirijo, mas não vou poder receber. Não acho justo porque a gente paga tanto imposto e na hora do beneficio a gente não recebe”, declara o paranaense que tem um Scania 124, ano 2012.
Já o gaúcho Paulo Delbrigge não quer nem saber do benefício. “Não quero depender de auxílio nenhum. Quero condições dignas de trabalho. Depender de auxílio é coisa da esquerda”, critica ele, que é apoiador de Bolsonaro.
Questionado se não vê contradição no fato de ter sido do próprio presidente a iniciativa, ele se mostra pragmático. Acha que é uma providência necessária para a reeleição. “Se o Lula ganhar eu deixo a profissão. Para com tudo”, promete.
Delbrigge é daqueles que não vê nenhuma culpa de Bolsonaro pela situação do País. O presidente, na opinião dele, só não faz mais pelo Brasil porque o Supremo Tribunal Federal (STF) não deixa.