União e estado garantem que, mesmo com desconto pífio, pedágio custará menos da metade do anterior; já economista calcula aumento para caminhão que vai a Paranaguá
Nelson Bortolin – Foto em destaque de Ari Dias (AEN)
O leilão do 2º lote de rodovias do Paraná, realizado no começo da tarde dessa sexta-feira (29) na B3, em São Paulo, foi decepcionante. A euforia com que os governos estadual e federal divulgaram o sucesso do leilão do 1º lote, no mês passado, deu lugar à discrição.
Sem concorrência, o Grupo EPR levou a concessão com desconto de apenas 0,08% sobre o preço inicial. No leilão anterior, a vencedora ofereceu 18,25% de desconto.
O Ministério dos Transportes divulgou texto comemorando o resultado, sem citar que não houve concorrência, nem o porcentual de desconto. Também sem explicar o cálculo, o governo diz que os motoristas que passarem pelas três rodovias federais e quatro estaduais pagarão em média 40% menos em relação aos valores praticados anteriormente no estado.
A concessão anterior do anel de integração do Paraná terminou em novembro de 2021.
“Com a concessão, formado pelas empresas Equipav e Perfin, os paranaenses sentirão a diferença a partir dos investimentos de R$ 17,3 bilhões previstos para os próximos 30 anos. Deste total, R$ 10,8 bilhões serão destinados a novas obras e R$ 6,5 bilhões para serviços operacionais”, diz o ministério.
As praças de pedágio do segundo lote das rodovias do Paraná ficarão nos seguintes locais: São José dos Pinhais (BR-277); Carambeí (PR-151); Jaguariaíva (PR-151); Sengés (PR-151)ׇ; Quatiguá (PR-092); e Jacarezinho (BR-153 e BR-369).
O governo do Estado, em seu portal na Internet, também omitiu a informação de que não houve concorrência no leilão. Mas ao menos citou o porcentual de 0,08% de desconto em cima da tarifa de referência estipulada em edital (R$ 0,11922).
O texto diz que o Consórcio Infraesturtura PR é formado pela EPR 2 Participações e pela Perfin Voyager Fundo de Investimento.
O governo do Estado sustenta que os usuários pagarão 56% menos que no modelo anterior, cuja tarifa seria de R$ 0,2543. Mas o cálculo também não foi explicado.
De acordo com o governo, o lote 2 de rodovias do Paraná tem uma extensão total de 605 quilômetros e receberá investimentos de R$ 10,8 bilhões em obras.
Clique aqui para ver as intervenções que serão realizadas nas rodovias do Paraná.
Já a assessoria do deputado estadual Arilson Chiorato (PT) divulgou dados totalmente diferentes. “O leilão teve início às 14h11 desta sexta-feira, 29 de setembro, e a única empresa presente deu 0,08% de desconto como lance e, em menos dez minutos, o Paraná voltou para a lista de tarifas de pedágio mais caro do Brasil”, alega.
Economista da liderança da oposição na Assembleia Legislativa, Wagner William diz que os governos trabalham os números de acordo com suas conveniências. Ele fez cálculos mostrando que, em determinados trechos de rodovias do Paraná, não haverá redução em relação ao modelo anterior, podendo até haver aumento em muitos casos.
E cita como exemplo a praça de São José dos Pinhais, onde a última tarifa cobrada para um automóvel era de R$ 23,30 e no novo modelo será de R$ 22,30, redução de apenas 4,3%. “Quando se faz o cálculo pelo km rodado, a queda é expressiva porque foram acrescidos outros vários trechos de rodovias e mantida uma única praça”, explica.
Mas, na prática, o motorista de automóvel que passar pelo local vai pagar quase o mesmo preço.
Já, no caso do caminhão, a tarifa vai ficar mais salgada. O economista explica que, no modelo anterior, havia um desconto para cada eixo de caminhão em relação ao preço do automóvel. O eixo, em São José dos Pinhais, custava R$ 19,50. Já, no novo modelo, cada eixo vai custar o mesmo que um automóvel, ou seja R$ 22,30.
Um caminhão de 6 eixos que pagava R$ 117 para descer a serra, pagará R$ 133,80 quando as cancelas forem reabertas no ano que vem, um aumento de 14%.
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