– Como o G10 trabalha a questão da sucessão nas empresas que compõem o grupo?
Cláudio Adamuccio – Ontem morreu o cartunista Jaguar, aos 93 anos, e vi que ele trabalhou até a semana passada. Isso mostra que ainda tenho tempo: com 65 anos, pretendo ficar ao menos mais cinco como executivo principal. Depois quero montar um conselho e migrar para ele, mas mantendo presença semanal por mais cinco anos. Assim, talvez em 8 a 10 anos eu reduza minha atuação, dependendo da saúde.
Já iniciei a sucessão na Transpanorama (empresa minha e do meu irmão): contratei consultoria e começamos a mentoria há 12 meses. Tenho duas filhas: uma já trabalha na empresa e a outra, médica em São Paulo, comecei a trazer para se preparar para o conselho. Meu irmão tem dois filhos que já atuam no negócio.
Mostrei aos demais sócios o que estou fazendo, mas cabe a cada um decidir. Alguns já se organizaram.
– Vocês mudaram a natureza jurídica do G10 para S.A. Por quê?
Adamuccio – Mudamos para S.A. de capital fechado. Na prática, não altera muito, pois já fazíamos auditoria pelas Big Four, exigência dos bancos, e sempre publicamos balanços. Não temos segredos, então divulgar números não é problema. A mudança traz ganhos de governança e prepara a empresa para o futuro. Se um dia optarmos por um IPO, é importante já termos histórico como S.A., com alto nível de compliance, auditorias, governança e relatórios de ESG.
– O que você diria para quem está começando?
Adamuccio – Projete o futuro tentando não errar e sempre use inteligência emocional. Hoje valorizo isso mais do que qualquer doutorado. Um cientista que não sabe se relacionar pode terminar sozinho e esquecido. Cito Nikola Tesla, que trabalhou com Thomas Edison e desenvolveu a corrente alternada, fundamental para transportar energia a longas distâncias. Também foi pioneiro em invenções que deram origem ao rádio e, depois, aos celulares. Teve centenas de patentes, mas morreu pobre e abandonado em um hotel. Isso mostra que genialidade sem equilíbrio emocional não leva a lugar algum. Inteligência emocional é essencial para a vida e para os negócios.




