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Filhos de caminhoneiros não querem seguir a profissão dos pais, mostra pesquisa

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Levantamento da CNTA revela envelhecimento e condições precárias na rotina dos caminhoneiros autônomos

Nelson Bortolin

A grande maioria dos caminhoneiros autônomos brasileiros (89%) tem pelo menos um filho, mas apenas 15% veem interesse de ao menos um deles em seguir a mesma profissão. O dado, divulgado nesta terça-feira (9) pela Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), é mais um alerta sobre o futuro da categoria. A falta de renovação também fica evidente em outro número: a média de idade dos autônomos é de 46 anos, e 34% deles têm 50 anos ou mais.

A 3ª edição da Pesquisa Nacional CNTA sobre a Realidade do Transportador Autônomo de Cargas ouviu 2.002 caminhoneiros em entrevistas presenciais realizadas em 11 estados entre junho e agosto deste ano.

Só homens

A participação feminina na boleia ainda é mínima: apenas 0,3% dos motoristas são mulheres. Dos entrevistados, 57% se declaram brancos, 32% pardos e 11% negros.
A escolaridade é baixa: 44% têm ensino fundamental incompleto, 24% concluíram o ensino médio e somente 1% têm ensino superior.

Dos 89% que têm filhos, 25% têm apenas um, 39% têm dois e 64% têm três ou mais.

Sem férias

A intensa carga de trabalho ajuda a explicar o desinteresse pela profissão, apesar dos valores recebidos não serem baixos: o faturamento bruto médio é de R$ 46 mil, e a renda líquida informada, de R$ 14 mil. Para isso, 61% trabalham de 25 a 29 dias por mês — e 11% não descansam nenhum dia.

Apenas 11% trabalham até 11 horas por dia. Já 80% rodam entre 12 e 17 horas diárias, e 9% dirigem 18 horas ou mais.

O descanso também é comprometido: 48% nunca tiram férias; 24% tiram até 14 dias por ano.
Apenas 22% ficam até 9 dias longe de casa, enquanto 52% permanecem fora de 10 a 19 dias e 26% ultrapassam 19 dias longe da família.

O tempo de espera para carregar ou descarregar é alto: 46% afirmam aguardar 5 horas ou mais.

Diante desse cenário, 59% se dizem desvalorizados, mas afirmam que pretendem continuar na profissão.

Como conseguem frete

A dependência de aplicativos cresce: 47% conseguem cargas por apps; 38% pegam frete direto com embarcadores e 15% por meio de agenciadores. A forma de pagamento mais utilizada é o Pix, citado por 75% dos entrevistados.

Pontos de parada

Segundo a pesquisa, 97% descansam em postos de combustível. Já 78% afirmam ter dificuldade para encontrar locais adequados para cumprir a lei do descanso. A sensação de insegurança é alta: 58% nunca se sentem seguros nas estradas, e 40% já foram vítimas de roubo ou furto de carga.

Legislação

A pesquisa mostra que 85% dos caminhoneiros discordam da decisão do Supremo Tribunal Federal que os obriga a cumprir 11 horas ininterruptas de descanso entre jornadas. Sobre a Lei do Vale-Pedágio — que exige que o embarcador arque com esse custo — 45% dizem que ela não é respeitada.

Em relação ao piso mínimo do frete, 39% afirmam que a lei é cumprida às vezes e 28% dizem que nunca é.

Acidentes

A maioria (71%) nunca sofreu acidentes. Entre os 29% que já se envolveram em ocorrências, 64% atribuem a culpa a outros motoristas; 15% a falhas mecânicas; e 13% admitem ter dormido ao volante.

Clique aqui para ver a pesquisa na íntegra.

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