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Astorga é exemplo de organização

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A cidade paranaense de 25 mil habitantes tem um número de caminhões semelhante ao de outras cidades com as mesmas características, mas os transportadores de lá dão exemplo de organização para o Brasil

Nelson Bortolin

Com 25 mil habitantes, localizada a 45 km de Maringá e 65 km de Londrina, Astorga é a Cidade dos Caminhões do Norte do Paraná. O transporte rodoviário de carga é uma força por lá, não só por causa da riqueza do agronegócio da região, mas, principalmente, pela capacidade de organização das lideranças do setor.

Foi em Astorga que, em 1989, surgiu uma das primeiras associações de autônomos do país. Começou por razões de solidariedade humana: um caminhoneiro ficou na pior depois de um acidente e os colegas fizeram uma vaquinha para ajudá-lo a cobrir o prejuízo. Depois houve outro caso que exigiu outra vaquinha… Assim nasceu a Associação dos Proprietários de Caminhões de Astorga (APCTA).

A Carga Pesada mostrou o trabalho da então novinha APCTA em 1996 – 14 anos atrás. Hoje, ela é grande. “Temos sede própria em Astorga e estamos construindo em Rondonópolis (MT)”, conta o presidente Marcos Antônio Berto. O sucesso da iniciativa levou os mesmos caminhoneiros a fundarem, em 2000, a Cooperativa de Transporte de Astorga (CTA), para cuidar dos negócios. Hoje, as duas organizações reúnem 141 autônomos e 230 caminhões, frota cuja média de idade é de 6 anos.

Na sede da associação, em 13 mil m2, há um posto de combustível para os associados, uma loja de autopeças, borracharia, oficina e uma agência de cargas. A entidade tem nove empregados e 20 terceirizados.

Mas não foram só os caminhoneiros de Astorga que encontraram o bom caminho da organização. Os empresários também. Em 2003, tomando o exemplo do G10, de Maringá, foi criado o Grupo de Astorga (GA), que reúne 12 transportadoras de grãos, com uma frota de 345 caminhões.

“Caminhão sempre foi importante em Astorga (o município tem 59 anos). Mas, depois de criada a APTCA, virou mania”, diz o presidente do GA, Flávio Brandolin, 44 anos. Ele é formado em Engenharia Civil, já foi caminhoneiro e virou dono de transportadora.

Flávio Brandolin, do GA, e Marco Antônio Berto, da APCTA, na praça da cidade, onde o primeiro caminhão comprado pela prefeitura, um Ford ano 1952, virou monumento

Numa sede de 48 mil m2, o GA oferece serviços de mecânica, lavagem, borracharia e reforma de carretas. Tem parcerias com a Volvo e a Randon, e também com seguradoras. “Temos 35 empregados. Nossa evolução foi muito boa. Minha empresa tinha quatro caminhões e hoje tem 12”, afirma Brandolin.

Seu Job vai dirigir “até quando Deus permitir”

O fundador da APCTA, Job Martins Lampa, 62 anos, não tem dúvida: foi a organização dos transportadores que fez de Astorga uma cidade do caminhão. “Quando criamos a associação, fizemos uma grande divulgação, chamando os motoristas para as reuniões. Isso atraiu muita gente para o nosso ramo. Até gerente de banco comprou carreta.”

Astorga comemora o Dia de São Cristóvão (25 de julho) em grande estilo, com missa e procissão. “É uma festa muito bonita”, diz Lampa, que continua na estrada. “Vou até quando Deus permitir.” Seu caminhão é um Scania 111, ano 79.

A população entende o benefício, diz o prefeito

O prefeito de Astorga, Arquimedes Ziroldo (PTB), o Bega, reconhece que o GA e a CTA são dois dos maiores empreendimentos de Astorga. Segundo ele, o transporte rodoviário atraiu uma série de outros estabelecimentos, como borracharias e postos de combustível. “E o GA e a CTA divulgam o nome da cidade pelo Brasil afora.”

Foi a prefeitura que deu os terrenos para a construção das sedes das duas associações. Questionado se em Astorga a população não tem queixas da convivência com caminhões, que são veículos grandes e pesados, o prefeito disse que não. “A maioria dos veículos fica nas sedes (do GA e da CTA) e não atrapalha ninguém. Além disso, muita gente tem algum vínculo com caminhão. A população entende o benefício que o setor traz para a cidade.”

Seu Valter adora câmbio automático: “É um filé”

Valter Nereu Fioresi, 50 anos, é um exemplo da capacidade de empreendimento dos caminhoneiros de Astorga. Na reportagem de 1996 da Carga Pesada, ele aparece como dono de um Scania 112, ano 87. Hoje, possui nove caminhões, sendo dois (um Scania R 380 e um Volvo FH 400) novinhos, adquiridos pelo Procaminhoneiro.

Valter Nereu Fioresi e a família em foto da Carga Pesada de 1996 e hoje: até o genro foi pra estrada

No dia 7 de abril, ele foi buscar o Volvo em Curitiba. Voltou maravilhado com o câmbio automático. “É um filé. Você só acelera e freia. Vai deixar meu motorista preguiçoso…” Ele e a maioria dos 10 irmãos herdaram a paixão do pai pelos brutos. Num único escritório, funcionam três transportadoras da família: a dele (VNF Transportes), a Fioresi e Filhos e a PMF e Filhos.

Os dois filhos homens de Valter também estão no ramo: um é caminhoneiro e o outro cuida da manutenção da frota. O mais novo, de 21 anos, nasceu no dia 25 de julho. O pai o batizou de Danilo Cristovão Fioresi. Não contente, ele ainda colocou o genro na estrada. “O filho se espelha no pai. Quem dera meu pai estivesse vivo para me dar mais conselhos”, diz seu Valter, cheio de sabedoria.

 

 

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