Segundo a CNT, atualmente apenas 32,5% dos trechos são considerados bons ou ótimos
Nelson Bortolin e Agência CNT Transporte Atual
A malha rodoviária brasileiras, de forma geral, está com 67,5% da sua extensão classificada como regular, ruim ou péssimo e 32,5% classificada como ótimo ou bom, segundo a Pesquisa CNT de Rodovias 2023, divulgada nesta quarta-feira (29) pela Confederação Nacional do Transporte. A entidade entende que há uma estabilidade diante do cenário de 2022, quando havia 66% de trechos regulares, ruins e péssimos e 34%, de ótimos ou bons.
Esta é a 26ª pesquisa, considerada o maior estudo sobre infraestrutura rodoviária no Brasil. O levantamento deste ano avaliou 111.502 quilômetros de rodovias pavimentadas, o que corresponde a 67.659 quilômetros da malha federal (BRs) e a 43.843 quilômetros dos principais trechos estaduais, incluindo vias concedidas e não concedidas.
A Revista Carga Pesada fez uma pesquisa no site da CNT dos últimos 10 levantamentos.
Olhando ao longo desse período, os números mostram que houve uma tendência de melhora da malha de 2013 a 2018, e depois uma queda na avaliação. Em 2013, a avaliação negativa (regular, ruim e péssimo) atingia 63,8%, caindo para 57% em 2018, e voltando a subir em 2019. A pesquisa de 2023, com 67,5% de notas positivas, mostra uma piora do quadro geral na comparação com 10 anos.
Já a avaliação positiva (ótimo e bom) saiu de 36,2% dos trechos e chegou a 43% em 2018, quando teve início uma curva descendente acentuada, de mais de 10 pontos porcentuais, já que somente 32,5% dos trechos avaliados agora foram considerados ótimos ou bons.
A reportagem também fez uma agregação diferente, somando os porcentuais de ruim e péssimo e os de bom é ótimo, desprezados os regulares. Em 2013, 36,2% dos trechos tiveram as melhores notas, porcentual que chegou a 43% em 2018 e despencou para 32,5% em 2023.
O porcentual de ruim e péssimo baixou de 29,4 em 2013 para 21,8% em 2018 e agora está em 26,1%.
Segundo a Agência CNT Transporte Atual, a classificação do estado geral das rodovias compreende três principais características: pavimento, sinalização e a geometria da via. Levam-se em conta variáveis como condições do pavimento, das placas, do acostamento, de curvas e de pontes.
Em 2023, a avaliação regular, ruim e péssimo dessas características foi: 56,8% (pavimento), 63,4% (sinalização) e 66,0% (geometria da via), percentuais que também ficaram próximos aos dos registrados no ano passado: 55,5%, 60,7%, 63,9%, respectivamente.
A CNT defende a necessidade de continuar mantendo investimentos perenes e que viabilizem a reconstrução, a restauração e a manutenção das rodovias. “Essas são ações que a agenda da Confederação enfatiza e amplia institucionalmente, no âmbito do poder público, especialmente no Executivo e no Legislativo”, ressaltou o presidente do Sistema Transporte, Vander Costa.
EFEITOS
Em 2023, a pesquisa estimou que o aumento do custo operacional do transporte rodoviário de cargas, em decorrência da má conservação do pavimento das rodovias no Brasil, foi de 32,7%. O percentual ficou levemente abaixo do registrado no ano passado: 33,1%.
Porém, os investimentos em infraestruturas, no PLOA 2024 (Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2024), sofreram uma redução de 4,5% no volume de recursos para o setor em relação ao autorizado no Orçamento para infraestrutura de transporte em 2023.
Diante desse cenário, a CNT trabalha para viabilizar um aumento na dotação, por meio de emendas para intervenções prioritárias em 2024, em consonância com as prioridades do transporte e da logística do país.
PÚBLICO X PRIVADO
Ao analisar o resultado da pesquisa quanto ao estado geral das rodovias por tipo de gestão pública e privada, percebe-se que as públicas (que representam 76,6% da extensão pesquisada neste ano) apresentam percentuais maiores de avaliações negativas: regular, ruim e péssimo. Essas más condições correspondem a 77,1%.
Por outro lado, nas rodovias concessionadas (que representam 23,4% da extensão pesquisada em 2023), os altos percentuais para o estado geral remetem a uma situação oposta, ou seja, a bons resultados. De acordo com a pesquisa, 64,1% da extensão da malha concedida, avaliada pelo levantamento nessa característica, foram classificados como bom e ótimo.
“A diferença nos resultados de classificação do Estado Geral para as malhas públicas e privadas evidencia como cada gestão trabalha o investimento nas rodovias. Enquanto as concessões estão sob o cumprimento de obrigações contratuais estabelecidas por parte dos agentes reguladores, o volume de investimentos por parte da gestão pública depende de agenda orçamentária e de prioridades estabelecidas pelo gestor”, comentou o diretor executivo da CNT, Bruno Batista.
O Novo PAC prevê R$ 185,80 bilhões em investimentos para o modo rodoviário, dos quais R$ 112,8 bilhões são da iniciativa privada (60,7%) e R$ 73,0 bilhões do governo federal (39,3%). Essa realidade demonstra uma recuperação da capacidade de investir com duas frentes, via Estado e/ou por meio de relações de colaboração com a iniciativa privada, contemplando concessões e parcerias.
Clique aqui para acessar a pesquisa.
Foto em destaque na página de Marcelo Camargo/Agência Brasil