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Avepe é Mercedes desde a 1ª hora

DAF - Oportunidade 2024
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Nem existia fábrica ainda, e dois mineiros já estavam apalavrados para representar seus produtos, na cidade de Oliveira, 60 anos atrás. A empresa pertence à mesma família e é Mercedes até hoje

Luciano Alves Pereira

O ano bissexto de 2016 tem, para nós, roadaholics (fominhas por assuntos de estradas), a destacada importância dos 60 anos do início da fabricação de caminhões, ônibus e motores diesel Mercedes-Benz no Brasil. O dia do aniversário é 28 de setembro. Mas o enraizamento local dos veículos da marca deveu muito a empenhados parceiros no campo, os concessionários, que atualmente são cerca de 200.

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César, Dermeval (sr. Vavá) e Marcelo conduziram a Avepe por estes 60 anos, submetendo-se a uma sucessão bem conduzida. Ao último restou uma administração solitária

Quem foi quem nesse resultado soberbo que a Mercedes sempre apresentou nas terras brasileiras? Tive o privilégio de assistir a um debate sobre o tema, bastante tempo atrás. Assisti ao vivo, pouco depois do lançamento do 608D, em 1972. De um lado, Werner Jessen, então vice-presidente da MBB e seu principal executivo. Do outro, Antônio Costa Neto, já falecido, que era presidente da Assobens, a entidade dos concessionários da marca. Os argumentos giraram em torno da força de cada parte, que precisam, ambas, atuar de forma sinérgica, como remadores num barco. Quem teria mais propulsão: a boa imagem da marca e a qualidade dos seus produtos ou os atendimentos oferecidos pelos concessionários? Foi inesquecível e… “empatante”.

OUSADIA – Fui levado a este mergulho ao passado porque o primeiro concessionário de rede MB acaba de completar 59 anos, no dia 11 de março. São só seis meses de diferença em relação à inauguração da fábrica. O privilégio cabe à Avepe – Almeida Veículos e Peças Ltda., localizada em Oliveira, no Centro-Oeste de Minas Gerais, a 150 quilômetros da capital, que tem filial na vizinha Lavras e percorreu uma trajetória tão rara quanto única.

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O comecinho da Avepe foi na Praça XV de Novembro, como mostra esta foto dos anos 1950, vendo-se dois L-312 à frente

A história da Avepe se conta assim. No governo do Getúlio Vargas, antes da magnífica Era JK, Dermeval Chagas de Almeida, por todos chamado de sr. Vavá, e seu pai Baptista de Almeida, tocavam uma próspera fábrica de produtos alimentícios (balas Santa Rita), em Oliveira. Precisavam de caminhões para fazer a entrega de suas doçuras. Havia o Chevrolet, o Ford, o Dodge e o International, entre outros. Mas eles já haviam ouvido falar da marca alemã Mercedes-Benz, que tinha uma diferença: seus veículos eram movidos a diesel.

Para Marcelo Barros Almeida, atual diretor da Avepe, seu pai Dermeval e o avô Baptista foram “muito ousados” em optar pelos caminhões MB L-312, ainda importados. Não só os adquiriram para o serviço próprio, como perceberam a oportunidade de pleitear uma concessão à montadora, que se preparava para instalar fábrica em São Bernardo do Campo (SP). Isso só se efetivaria cinco anos depois. Mas a nomeação ficou decidida, e o problema que se colocou para os Almeida foi este: como tornar conhecidas aquelas ‘criaturas trepidantes e barulhentas’?

Já se vendo integrados ao negócio MB, eles colocavam faixas nos carros de distribuição, fazendo publicidade da Avepe pelas esquinas da região, nas entregas das balas Santa Rita. Inicialmente se instalaram na praça principal, a XV de Novembro. Uma pequena oficina e uma loja de peças com poucos itens. O total de funcionários não passava de dez pessoas. Logo investiram numa nova sede, na Praça Pio XII, 144, em 8 mil m² de área útil, onde permanecem até hoje.

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César, Dermeval (sr. Vavá) e Marcelo conduziram a Avepe por estes 60 anos, submetendo-se a uma sucessão bem conduzida. Ao último restou uma administração solitária

REINADO – Era o período de arrancada. Em depoimento ao Informativo Assobens, em 1992, o sr. Vavá recordou as dificuldades da tração diesel. “Os compradores preferiam caminhões a gasolina. Sempre alegavam que, se o veículo a diesel desse algum problema, não seria fácil ter assistência técnica.”

Mas, segundo suas palavras, “passados cinco anos de instalação da MB no Brasil, o problema acabou”. Para ele, o período de ouro da marca foi a década de 1970. Houve explosiva dieselização do mercado, configurando “uma época em que a procura pelos produtos superava a oferta”, lembra na revista o sr. Vavá.

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Anúncio do lendário L-312 emoldura a história da Avepe

Essa foi a época do reinado absoluto da linha 13, os L-1113/1313/2013, além do LS-1519 e do 608D. A propósito, se fosse para eleger um modelo que marcou os 60 anos da Mercedes no Brasil, a escolha recairia no L-1113, com motor OM-352, já com freios a ar puro e ainda trucado por terceiros.

Na década seguinte ocorreu o balançar desse apogeu, enquanto a concorrência se tornava mais efetiva. Em 1988, dois filhos do sr. Vavá, Marcelo e César, vêm somar esforços na diretoria da casa (ele tinha ainda as filhas Valéria e Júnia). Os novatos percorreram todos os departamentos da concessionária, antes do falecimento do pai, em 2005, aos 86 anos.

Com quase 30 anos no comando da Avepe, Marcelo faz questão de tocar no ponto fraco de toda empresa familiar, qual seja a tão falada sucessão. No seu caso, ele acha que a estabilidade das trocas de comando se deve ao “poder moderador” de sua mãe, Maria Manoela Barros Almeida. Ao mesmo tempo demonstra preocupação para o ingresso da próxima geração da família no negócio.

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Para Marcelo, desses 60 anos de relação com a Mercedes-Benz, destaca-se a identidade de princípios

 OURO – No mais, Marcelo só tem a “bendizer essa parceria de seis décadas”. Para ele “foi de paixão essa relação” e apontou muita identidade de princípios entre os Almeida e a Mercedes-Benz. Citou “a valorização dos funcionários e o zelo no trato das questões do pós-vendas”. A somatória dos variados itens levou a Avepe a conquistar a certificação Ouro no Programa StarClass da Mercedes, no início de 2010. “Na época, entre 160, digamos, disputantes, somente 50 obtiveram o grau Ouro”, acentua.

Sobre seus ombros – seu irmão César faleceu no ano passado – restou o peso da administração não só da Avepe, que tem 65 funcionários, a maioria com mais de 10 anos de casa, como da fábrica de produtos alimentícios, criada antes, além dos negócios envolvendo agropecuária e rede de postos de combustíveis.

Entre os principais clientes de ônibus, Marcelo cita a Viação Niterói, a Saritur e a Ávila. Ficam localizadas em alguns dos 33 municípios de sua área operacional, destacando-se as vizinhas Cláudio, Campo Belo, Itaguara, além da filial de Lavras. Quanto a caminhões, o diretor reafirma que os autônomos sempre predominaram na sua clientela. “Hoje, bem menos do que no tempo do meu pai.” Assim, ele destaca a entrega de 50 veículos ocorrida no ano passado ao Expresso Nepomuceno, sediado em Lavras. Foi um lote composto de modelos Atron e Atego.

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