Guto Rocha
Diza Gonzaga é presidente da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga “Vida Urgente”, de Porto Alegre (RS). Na primeira blitz educativa para caminhoneiros que ela fez, há alguns anos, num posto de combustíveis, a esposa de um motorista lhe perguntou a razão do nome da entidade que ela fundou com o marido Régis. Quando Diza contou a história, a mulher revelou que também havia perdido seu filho num acidente de trânsito.
A fundação existe desde 1996. Um ano antes, o filho de Diza, Thiago, havia morrido num acidente de carro, voltando de uma festa, de carona, com dois amigos. O carro bateu num contêiner estacionado de maneira irregular numa avenida. “Foi ali, naquela madrugada, com meu filho de 18 anos caído no asfalto, que nasceu a ‘Vida Urgente’. Não podia me conformar com o desperdício de vidas no trânsito”, relembra.
Diza largou seu trabalho como arquiteta para se dedicar integralmente à causa. Queria mudar a cultura que faz do trânsito, no Brasil, um dos mais violentos do mundo. Com o projeto “Madrugada Viva”, a fundação passou a levar ações educativas aos bares, festas e “points” de Porto Alegre, para falar aos jovens sobre os perigos da mistura de álcool e direção.
Ela conta que naquela época já tinha vontade de fazer as mesmas blitzes dirigidas a caminhoneiros, mas só pôde começar em 2005. No ano seguinte, a fundação fez parceria com o Setcergs (Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Rio Grande do Sul), e criou o programa “Transportadora da Vida”, para levar às transportadoras políticas de prevenção e segurança no trânsito.
As empresas que cumprem os 51 requisitos técnicos propostos pelo programa recebem o selo de certificação “Transportadora da Vida”. Este ano, 32 empresas estão se adequando. O trabalho envolve todas as pessoas ligadas à transportadora, do diretor ao caminhoneiro, e seus familiares. “Alguns grandes embarcadores já preferem contratar as transportadoras que tenham a nossa certificação”, comenta Diza.
Para ela, o elevado número de acidentes nas rodovias não se deve apenas ao comportamento dos motoristas: falta estrutura adequada nas rodovias e falta fiscalização. “Onde há policiamento, a situação é melhor. Mas às vezes circulamos 400 quilômetros sem encontrar nenhum policial”, observa. Diza também acha que as campanhas educativas de trânsito devem ser feitas com mais frequência, e não apenas nas vésperas de feriados”, afirma.