Na Rota 90, transportadora de produtos perigosos com matriz em Ibiporã (PR), o impacto da nova lei não será muito grande, segundo o diretor executivo Márcio Pasquali. “Nosso segmento já é bastante regulado. Das 10 da noite às 6 da manhã, nossos caminhões ficam bloqueados”, afirma.
Mesmo assim, segundo ele, a Rota 90 teve de contratar seis novos motoristas e se prepara para mais despesas com horas extras. O impacto sobre o frete ainda não foi calculado.
Pasquali considera que a lei “é muito justa e demorou a sair”, mas deveria vir acompanhada de uma “desoneração tributária” que compensasse o aumento de custos para as transportadoras.
“Os próprios clientes podem ajudar os transportadores a se adaptarem à nova realidade. Se eles conseguirem programar o despacho das cargas durante o mês, já estarão nos ajudando muito. Infelizmente, no Brasil, muita coisa fica para a última hora”, destaca.
Empregado da Rota 90, o motorista José Roberto Michelassi, 38 anos, que aparece na foto da capa desta edição, afirma que a lei não deve alterar sua rotina, pois não trabalha mais que 10 horas por dia. Nos trajetos que costuma fazer, ele já tem os postos definidos pela empresa para o descanso. A preocupação de Michelassi é com os demais colegas. “Onde eles vão parar? Não vai ter lugar para todo o mundo”, ressalta.
Os reflexos da nova lei também preocupam os embarcadores – especialmente na área agrícola. O diretor da Associação Nacional de Usuários de Transporte de Carga (ANUT), Renato Volper Araújo, diz que o momento é de apreensão, já que “há uma expectativa de aumento” nos fretes. “Estamos acompanhando a aplicação da lei. É cedo para fazermos uma avaliação mais precisa”, declara.
Cliente organizado ajudará a amenizar custos
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