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Conforto tem que ser item de série

DAF - Oportunidade 2024
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A produtividade no transporte está muito ligada ao conforto do profissional do volante. Não só na hora em que ele está dirigindo, mas também quando entra em longas filas para descarregar. As coisas já melhoraram muito, mas ainda existem queixas entre os motoristas

Dilene Antonucci

Foi-se o tempo em que itens de conforto na cabine eram opcionais ou de interesse apenas de quem ia para o volante. A falta de motoristas capacitados e a necessidade de aumentar a produtividade fizeram com que boas condições de trabalho passassem a ser fator indispensável também para o patrão.

E não estamos falando de conforto apenas ao dirigir. A ergonomia (estudo das relações entre homem e máquina) dos nossos caminhões por muito tempo não levou em conta as características físicas dos brasileiros. Regulagem de inclinação do volante e da altura do banco são recursos relativamente recentes nos cargueiros nacionais.

Oswaldo

Os engenheiros das montadoras tiveram que levar em conta também as necessidades dos caminhoneiros nas paradas. Mesmo quem diz que caminhão foi feito para rodar e não para dormir dentro sabe que, no Brasil, as horas de espera para descarga são em geral muito longas.

Foi o que encontramos num posto da Via Anhangüera, em Ribeirão Preto. Final da manhã chuvosa e vários caminhoneiros esperando para descarregar no Centro de Distribuição do Magazine Luiza. Alguns havia mais de 12 horas.

“A cabine é nossa casa. Passamos a maior parte do tempo aqui dentro”, disse Oswaldo Conde, de São José do Rio Preto, a bordo de um Scania 380, ano 2006. Fã da marca, ele tem uma reclamação muito comum: nos caras-chatas, o capô do motor rouba grande espaço na cabine. “Não dá para ficar em pé nem sentar na cama”, reclama Conde, que está na estrada há 26 anos.

 

Alex

NÃO VAI DAR – Alexandro Oliveira da Silva, de São Paulo, também se protegia da chuva no seu Iveco Stralis. Chegou às 3 horas da manhã, entregou a nota e perto do meio-dia ainda não sabia quando iria descarregar. “Ia ser padrinho de um casamento amanhã, em São Paulo, mas já liguei para minha esposa avisando que não vai dar”, diz, chateado. Alex está satisfeito com o conforto da sua cabine, mas desanimado com a profissão. “Isso não é vida. Quero voltar a estudar, completar o colegial e fazer um curso de logística.”

 

Planos também não faltam para o casal Marlene e Lourival, de Guarulhos. São planos de ficar na estrada. “Queremos financiar nosso próprio caminhão”, informou Lourival de dentro de um Volvo FH, prestes a dividir duas marmitas com Marlene ali mesmo, com os vidros fechados por causa da chuva. O casal costuma fazer a rota São Paulo–Belém. A rotina é se recolher às 10 da noite, depois de ver um pouco de televisão, e retomar a estrada às 5 da manhã. “A cama podia ser um pouco maior para acomodar os dois. Mesmo assim, é um FH que queremos comprar”, informa Marlene, que está sempre com Lourival, seu marido há 30 anos, mas não gosta de dirigir.

Wagner

Wagner Viana Rodrigues também dirige e é fã da marca Volvo. Só que ele se sente “numa caixa de fósforos” desde que teve que trocar um Globetrotter de teto alto pelo FH de cabine baixa. “Eu vivo na estrada, então caminhão para mim tem que ter espaço. Aquele motorzão no meio da cabine não serve. Aí eu prefiro trabalhar com um bicudo”, argumenta. Caprichoso, ele forrou toda a cabine e só entra descalço no caminhão. Com dez anos de profissão, nunca tirou férias e gosta de viagens longas. Transporta minério na rota Sorocaba–Niquelândia (GO), cerca de três mil quilômetros ida e volta, e terminou um noivado de três anos quando teve que escolher entre o casamento e a estrada.

Um terço dos Volvo FH sai de fábrica com teto alto

Todos os caminhoneiros e esposas ouvidos pela reportagem preferem as cabines de teto alto para ir para a estrada. Entretanto, apenas um terço dos Volvo FH, com cabine avançada, sai de fábrica com esta configuração.

Casal Lourival e Marlene

Outra sugestão apresentada pelo entrevistado Wagner Viana Rodrigues foi encaminhada para a engenharia da Volvo: a regulagem do banco do condutor deveria permitir a inclinação do banco para baixo e não apenas para cima, para melhorar a vida dos motoristas mais baixos. “Depois de várias horas na direção, o rebaixamento insuficiente do banco provoca dores nas pernas. Tem amigo meu que coloca um calço para diminuir o problema”, afirmou Wagner.

O engenheiro de vendas da Volvo de Curitiba, Glênio Karas, explicou que desde 2006 os bancos de seus caminhões estão mais baixos e podem ser posicionados mais à frente. Mesmo assim, prometeu encaminhar a reclamação. Aproveitou para informar que existe um serviço denominado Linha Direta Volvo para ouvir a opinião de clientes.

DESCANSO – Falando sobre a questão geral do conforto das cabines, Glênio Karas disse que conforto está relacionado com segurança. “Uma pessoa descansada tem mais atenção ao dirigir.” Atualmente, 70% dos caminhões da marca saem de fábrica com climatizadores para maior conforto durante o pernoite.

Outra evolução está na suspensão de quatro pontos do eixo dianteiro, que ameniza as vibrações decorrentes das irregularidades do piso. Os bancos têm suspensão pneumática e as caixas mecânicas fazem as trocas de marchas por cabos, não mais por varões, uma ligação rígida que também podia transmitir para a cabine as vibrações do conjunto de força formado pelo motor, caixa e eixo traseiro.

O Volvo FH Globetrotter, com sua cabine de teto alto, custa R$ 12.000 a mais que o FH de teto baixo. Na foto, a nova cabine do FH 16, top de linha da marca na Europa

“Hoje, os caminhões proporcionam um conforto e uma segurança que permitem às empresas manterem em seus quadros os melhores talentos”, observou o engenheiro da Volvo.

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