Há cinco anos ao volante de caminhões, Jô não tem queixa: “Isto é uma distração”.
Uma mulher, Dilma Rousseff, vai dirigir o Brasil a partir de 1º de janeiro próximo, e a Transportadora Rápido 900 manda dizer que já há quatro anos vem confiando e se dando bem com mulheres na direção… de caminhões.
Foi em 2006 que a Rápido 900 contratou as primeiras mulheres motoristas, e hoje conta com 13 representantes do sexo feminino dirigindo desde veículos pequenos até carretas.
Segundo o diretor da empresa, André Ferreira, a presença destas mulheres gera boa visibilidade e credibilidade para a Rápido 900. “Acreditamos no potencial feminino e incentivamos a inserção de mulheres também nesta profissão ainda sob o domínio do sexo masculino.”, afirma.
A primeira contratada foi a pernambucana Josefa Chaves da Silva, ou Jô, como prefere ser chamada. Sua convivência com os caminhões vem desde a infância em Jataúba, interior de Pernambuco, próximo a Caruraru. Avós e tios trabalhavam na estrada.
“Antes de entrar na Rápido 900, eu era fiscal de loja. Mas vendo meus irmãos, que também são caminhoneiros, fui criando gosto pela coisa e resolvi vir para a profissão”, conta Jô. Seu pai, que ainda mora num sítio no Nordeste, a considera “muito delicada” para o trabalho com caminhão. Mas sua filha de 16 anos, além de ter muito orgulho da mãe, já considera a possibilidade de também entrar na profissão: “Eu vou apoiar porque também gosto e porque está no sangue da família”, diz Jô.
De fala mansa e tranquila, Jô não encontra dificuldades em seu trabalho de coletas e entregas na Grande São Paulo e eventualmente no litoral e no interior do Estado. Diz que nunca teve problemas de segurança, nem sofreu discriminação por ser mulher. “Gosto de caminhão, é uma terapia fazer meu trabalho, cada dia num lugar diferente, é divertido. Para driblar os congestionamentos, a gente se programa ouvindo as notícias e buscando as melhores rotas”, explica.
Ela faz apenas uma ressalva para quem está querendo entrar na profissão: “Precisa gostar e ter muita força de vontade porque o trabalho é bem diferente da rotina de um escritório, é bem mais corrido”.
Em compensação, dirigir os caminhões novos é muito fácil e confortável. “Parece que você está dirigindo um carro de passeio. A tecnologia está melhorando muito a vida do motorista. Acho que a tendência é aumentar o número de mulheres no transporte de cargas e nos ônibus”, afirma Jô.