Nelson Bortolin
Aos poucos, as mulheres vão se igualando aos homens no mercado de trabalho. Segundo o IBGE, elas são 45,6% da população ocupada; 10 anos atrás, eram 43%. Cada dia existem menos funções “só para homens”. No TRC, como temos mostrado em todas as edições, elas estão cada vez mais presentes. E agora também são encontradas mulheres em oficinas mecânicas e nas recapadoras de pneus.
Na Rede Vipal, cerca de 80 mulheres exercem funções que, pouco tempo atrás, eram ocupadas por homens. É o caso de Janaína Monteiro, 22 anos, raspadora da AGS Pneus, de Marau (RS). “Pego o pneu, confiro, coloco na raspadora, inicio a raspa, deixo uns dois ou três milímetros de arame, anoto o raio, o tamanho da banda e coloco de novo o pneu na linha de produção”, resume Janaína, que é casada e tem uma filha.
Para ela, que já foi frentista, o serviço não é muito cansativo. “Funções mais pesadas ficam com os guris”, explica. Dos 25 trabalhadores do local, seis são mulheres.
Na hora do serviço, Janaína deixa de lado a vaidade. “Aqui não tem como não se sujar e não dá para sair cheirando a creme, mas sim a borracha.” Fora, a coisa é bem diferente. “Eu cuido bastante do cabelo e das unhas, que sofrem mais por causa do meu trabalho.”
Outra batalhadora é Mara Terezinha Kunzler, de 37 anos, que trabalha há cinco na reformadora Pneus Ost, de Bom Princípio (RS). Antes, numa fábrica de calçados, só tinha colegas mulheres; agora, só homens. “Nunca reparei se eles me olhavam com preconceito. Mas acho que não acreditavam que eu iria aguentar”, conta. Mara chega a carregar peças de até 50 kg.
Ela é solteira e vaidosa. “No final de semana, faço as unhas, cuido do cabelo e da pele.” Na produção da reformadora, ela divide o espaço com 20 homens. “Sempre me respeitaram muito. Outras duas mulheres já trabalharam aqui, mas desistiram.”
O gerente de Marketing da Rede Vipal, Eduardo Sacco, conta que a presença da mulher neste mercado é uma realidade. “É bom que seja assim, pois as mulheres demonstram preparo e conhecimento para desempenhar com competência o que quer que seja”, diz ele. Nas reformadoras da rede, elas ocupam um número cada vez maior de vagas, desde o chão de fábrica até cargos de chefia.