Prospera a população de cavalos-mecânicos bitruques (8×2) mais carretas de três eixos
Luciano Alves Pereira e Nelson Bortolin
O formato das composições de veículos de cargas (CVCs) tem constantes novidades no Brasil. Na Europa e EUA, não se muda tanto. Aqui, não temos estradas que comportem, mas o transportador faz malabarismos para aumentar a capacidade de carga pensando que, assim, vai melhorar o valor do frete.
A exigência de cavalo traçado (6×4) virou desgosto para os bitrenzeiros, especialmente os graneleiros de grande porte do Paraná e Mato Grosso, por causa do custo. Começaram a pensar em alternativas. Uma delas já tem centenas de exemplares rodando. Trata-se do cavalo 8×2 mais carreta de três eixos, assunto de capa da Carga Pesada nº 171, de dezembro 2013/janeiro 2014. É justo que se registre que a primeira experiência prática no formato surgiu em Juiz de Fora (MG), pela inventiva dos irmãos Cruz, diretores da Trans-Herculano local.
A coisa parece ter engrenado. O motorista Peterson Alexandre, de 25 anos, toca um desses, Volvo FH 460, com câmbio I-shift da frota da Oliveira Transportes, de Viana (ES), especializada em produtos siderúrgicos.
Depois de rodar 10 mil quilômetros em 40 dias, Peterson só ficou com impressões positivas do equipamento. Por exemplo, sua direção é mais firme, “sem ser queixo duro”. Além de ser bom de curvas, o bitelo “freia normalmente, embora esteja carregando 38 toneladas líquidas”. Isto é mais do que leva o bitrem. Em manobras, o segundo eixo direcional pode ser elevado pneumaticamente. Para compensar o sobrepeso em cima do truque do cavalo, a firma colocou rodas de alumínio. A realidade, no entanto, é que “o DNIT ainda não sabe como pesará o cavalo 8×2”, comenta Peterson. “Quando caí na balança da BR-262, próxima a Araxá (MG), os sinalizadores me jogaram pra fora na primeira.” Este é um ponto a esclarecer.
O conjunto da Oliveira Transportes tem uma carreta clássica tradicional LS, que não deve ser usada num cavalo 8×2 (leia entrevista abaixo), e não a carreta própria para os 8×2, com os eixos mais atrás. Da mesma forma, suas longarinas requereriam reforço. Os tanques de combustível foram removidos para cima do chassi e na sua vaga foi encaixado o segundo eixo direcional. A instalação é da Re-truck, de Iconha (ES). Peterson acrescentou que a Oliveira tem mais quatro conjuntos com a mesma configuração.
NO PARANÁ – A Transportadora Castoldi, de Guarapuava (PR) pegou um Hi-Way 8×2 da Iveco para testar recentemente e aprovou. “Colocamos no nosso serviço mais severo, no transporte de cimento a granel. O desempenho foi bom, o consumo também”, conta o gerente operacional Reinaldo Poczynek. A Castoldi tem uma frota de 26 caminhões. Engatados numa carreta-silo Randon de três eixos, os 8×2 permitem à transportadora carregar sete mil quilos a mais que os 6×2. “Eles são mais caros, mas, levando sete toneladas a mais, a gente tira essa diferença em menos de um ano”, calcula o gerente.