Caminhões modernos e potentes convivem nas estradas brasileiras com uma frota envelhecida e poluente
A Fenatran, como sempre, será uma festa para os olhos e sentidos dos amantes do transporte. Caminhões modernos, potentes, expostos reluzentes, sem a poeira da estrada e, o que é mais importante neste momento, equipados com a nova tecnologia de motores Euro 6, bem menos poluentes que os atuais.
A partir de janeiro de 2023, a norma do Proconve P8 precisa ser respeitada, o que trará, com certeza, ganhos ambientais. Chegam prometendo também economia de diesel para ajudar a amortizar o custo de aquisição, em média de 15 a 20% maior que o das linhas atuais.
O problema é que estes caminhões modernos passarão a conviver nas rodovias e cidades com uma frota envelhecida, os chamados Euro 0, extremamente poluentes e inseguros.
A engenharia brasileira já produz caminhões elétricos como os E-Delivery da Volkswagen que rodam pelo país nas entregas urbanas com emissão zero. A Randon desenvolveu em Caxias do Sul um eixo elétrico que não perde em nada para os protótipos europeus, pelo contrário, e proporciona até 20% de economia de diesel.
Mas o que representaria de fato um ganho ambiental significativo para a nossa realidade seria um programa viável de renovação de frota que levasse também mais dignidade e melhores condições de trabalho para os descapitalizados caminhoneiros autônomos.
Em tempos de posse de novo governo, esperamos que a Fenatran, este grande evento do transporte, vá além da bela exposição de produtos e tecnologias e seja também um fórum de discussões dos reais problemas do transporte de cargas no Brasil.