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Gerente da Scania vê um IAA mais ‘pé no chão’

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Depois de uma edição só de elétricos, feira de Hannover volta atenção aos caminhões a combustão

Uma feira mais “pé no chão”. É assim que o gerente de Engenharia de Aplicações de Oferta de Soluções da Scania Brasil, Ivanovik Marx, avalia o IAA Transportation 2024, maior evento mundial do setor, que está sendo realizado nesta semana em Hannover, na Alemanha.

Ele lembra que, na edição anterior, de 2022, todas as montadoras só queriam exibir seus caminhões elétricos e protótipos de caminhões a hidrogênio. A exceção, naquele ano, foi a Scania, que levou um portfólio mais diversificado, com ênfase nos veículos a gás. “Agora todo mundo deu um passo atrás apresentando também veículos a diesel, a gás e biodiesel”, avaliou ele em entrevista por videochamada concedida ao Grupo Carbono Zero, formado por jornalistas especializados em transporte, do qual faz parte a Revista Carga Pesada.

O estande da Scania na edição atual conta com cinco veículos: dois elétricos, um a gás, e dois a diesel. “O caminhão a gás, um R460, estava metade com LNG e metade com CNG. Essa tecnologia, os dois juntos, não existe. A Scania fez só para simbolizar que o caminhão pode ter tanto o LNG quanto CNG. O motor é exatamente o mesmo”, explica.

A falta de infraestrutura em todo o mundo para permitir caminhão elétrico em longas distâncias, segundo o gerente, é uma das razões para a concorrência ter voltado os olhos novamente para os veículos a combustão.  “A eletrificação para longas distâncias vai demorar”, aposta.

Marx afirma ter visitado os estandes das empresas produtoras de baterias para caminhão elétrico. “Demos uma varrida na feira e a verdade é que não há densidade energética de bateria suficiente para percorrer 1.000, 1.500 km”, conta.

Para ele, a concorrência está começando a perceber o que a Scania vem defendendo há mais tempo. “O futuro (dos caminhões) vai ser eclético. É preciso ter várias soluções para atender o cliente. Não vai ser uma solução só.”

Ele destaca que a Scania não deixou de investir em motores a diesel. Pelo contrário, no final de 2022, a montadora apresentou sua linha Super, que trouxe um ganho de eficiência energética de 28% na comparação com os veículos anteriores. “A Scania trabalhou muito forte para ter o veículo a diesel com a maior eficiência do mercado.”

A Scania, segundo ele, sempre investiu em pesquisa e desenvolvimento e desenvolve seu caminhão a hidrogênio, mas assegura que essa solução está bem longe de tornar-se realidade. “Esse caminhão tem muitos desafios técnicos para serem vencidos. Tanto é que o que as montadoras exibem são basicamente protótipos.”

Para o gerente, o caminhão a gás tem muito espaço para crescer principalmente no Brasil. Ele sustenta que a infraestrutura para abastecimento desses veículos vem melhorando nas estradas.

Quando o foco é sustentabilidade, Marx diz que a aposta é o biometano. “Dependendo da forma com que você considera o ciclo, (o caminhão a biometano) pode ser mais efetivo que o próprio elétrico na redução de CO2”, justifica. Um caminhão com biometano polui 90% menos.

Questionado pela Revista Carga Pesada sobre o preço mais elevado do caminhão a gás na comparação com o a diesel, o gerente afirma que a diferença vem diminuindo. Ele acredita que hoje o veículo a gás custe 10% mais caro. Mas destaca que o financiamento desse tipo de veículo tem incentivo e as taxas são mais baixas.

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