Para alguns estudiosos da comunicação, a mídia impressa está com seus dias contados. No futuro, alegam, vão sobrar apenas os veículos digitais. Mas muita gente duvida dessa previsão. É o caso do engenheiro mecânico Rubem Penteado de Melo. “A mídia impressa tem seu papel e seu espaço garantidos. Os veículos digitais têm difusão rápida e fácil, mas normalmente têm vida útil curta e tratam os temas com certa superficialidade”, afirma. “Quando se trata de conhecimento mais profundo e permanente, nada substitui uma boa mídia impressa”, complementa.
O diretor-executivo da ATC, Miguel Mendes, diz que, apesar da comodidade e agilidade das mídias digitais, ele ainda lê muito no papel. “Temos assinatura do jornal local (de Rondonópolis). E não deixo de ler as revistas que recebo”, conta. Mas reconhece a importância da internet. “Sabemos que a tendência é a mídia digital. Tanto é que temos um presidente que se elegeu por esse meio”, afirma ele, referindo-se a Jair Bolsonaro, que focou sua campanha nas redes sociais.
Já para o diretor de Marketing da Volvo, Daniel Mello, a comunicação se dá em formato multimídia. “Os veículos impressos dirigidos do setor são importantes porque apresentam informações mais aprofundadas. Mas o site e as redes sociais são muito fortes. O Facebook tem muita força e o Instagram está crescendo bastante inclusive entre os motoristas”, explica.
João Batista Dominici, da Logipesa, já não assina mais veículos impressos, mas lê tudo que chega no papel no escritório dele. “Prefiro ler no papel. Tenho um porta-revistas onde deixo em fila tudo o que ainda não li”, conta ele, que ainda escuta rádio.
Leitor assíduo de mídia impressa é Tayguara Helou, presidente do Setcesp. “Gosto mais de ler os impressos na parte da manhã, pois a estrutura deles é melhor do que a dos digitais. E leio também em situações como voos e viagens a trabalho, pois é uma forma de aproveitar o tempo de deslocamento para me atualizar”, explica.
Neuto Gonçalves dos Reis diz que sempre lê as reportagens pela internet. “Porém, aprecio mais a leitura da revista impressa, que é visualmente sempre muito bem cuidada. Apesar do avanço da tecnologia, no caso de revistas especializadas, ainda prefiro a mídia impressa”, conta.
Para o empresário Cláudio Adamuccio, não importa o meio, mas a credibilidade do veículo. “Eu tomo muito cuidado com fake news. Por exemplo, não repasso nenhuma mensagem se não sei a origem dela. Independentemente do formato, seja por voz, imagem, escrita, tem de ter credibilidade”, alega.
Para ele, como a saúde precisa ser tratada por médicos e as questões jurídicas pelos advogados, as notícias têm de ter a assinatura de jornalistas.
NA ESTRADA – Os caminhoneiros se dividem quando o assunto é a forma de acessar as notícias. “Prefiro ler no celular. Até fiz assinatura de uma revista uns anos atrás, mas não leio”, conta o gaúcho Itacir Zulian, que é motorista empregado. “A gente se acostuma com umas porcarias”, brinca o caminhoneiro curitibano Sedenir da Rocha, em referência à leitura no celular.
“Eu leio muito jornal e revista (impressos). Na boleia tenho sempre revista. Não gosto da internet. Tenho dois celulares, um com Whatsapp que está lá no caminhão. Eu ando com esse aqui da firma (mostra ao repórter). Só uso para mandar mensagem. Espero que os jornais e revistas nunca acabem. Minha geração só lê no papel”, conta Lair Machado Correa, empregado de Chapecó (SC). Ele é assinante do jornal da cidade.
“Quando tenho tempo, eu só leio no celular. Não sinto falta das revistas de papel”, diz Valdecir dos Santos, autônomo de Pato Branco (PR). Já o caminhoneiro empregado de Curitiba, Dinis Ingrácia, afirma o contrário. “Por incrível que pareça, eu leio no papel. É mais fácil ler na internet, mas eu gosto de ler no papel. Pra mim, celular é só para telefonar e olha lá.”
Outro que ainda prefere ler no papel é Leandro Romualdo, de Maringá. “Eu quase não uso celular. Levo bronca da mulher porque não respondo as mensagens na hora. Sempre que encontro revistas nos postos eu pego. É bom para a gente ler quando está parado para carregar ou descarregar”, conta.