Levantamento do governo mostra ainda que frete agrícola estava 14,3% aquém do registrado em 2013
Nelson Bortolin
Os investimentos federais em transporte e logística no primeiro semestre do ano passado foram os menores desde o primeiro semestre de 2013. Foram apenas R$ 3,3 bilhões. Corrigida pela inflação oficial, a queda é de 21,8% na comparação com o mesmo período de 2018. Os dados fazem parte do Boletim Logístico da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), do próprio governo, divulgado recentemente.
Já a atividade de transporte e armazenagem teria crescido 0,1 ponto porcentual no semestre em relação ao mesmo período de 2018 e 0,2 se a comparação for com o segundo semestre de 2018. Por outro lado, o estudo mostrou que o frete agrícola estava 4,2% defasado na comparação com o mesmo período do ano anterior e 14,3% menor que o do primeiro semestre de 2013.
No primeiro semestre do ano passado, só cresceram os investimentos no modal ferroviário. O aumento foi de 38%. Nas rodovias e no setor aeroviário, as quedas foram de 22,6% e 33%, respectivamente. O governo ainda reduziu 54,3% dos aportes no modal aquaviário.
Mesmo assim, a estrutura rodoviária ainda representava a maior parte do bolo. No primeiro semestre de 2019, 75,3% dos recursos foram para as estradas, contra 76,1% do mesmo semestre do ano anterior. Já a participação do modal ferroviário cresceu 5%, para 8,9 %.
Entre todos os modais, a maior parte dos investimentos (43%) foram para obras de manutenção; 24% para adequações e 20,3% para construções. Quando se analisa apenas o transporte rodoviário, 57,3% do dinheiro aplicado em manutenção; 28,9% em adequação e 13,8% em construção.
As vias sob jurisdição do DNIT têm 84.946 quilômetros no total, sendo que 87,4% delas são pavimentadas.
Todos os dados do levantamento foram corrigidos pela inflação oficial, o IPCA.
OUTRO LADO
Procurada, a APL disse que só o Ministério da Infraestrutura poderia comentar os dados. A reportagem encaminhou ao ministério questionamento sobre o porquê de os investimentos terem sido tão baixos no primeiro semestre do ano passado. E também se já há um balanço do valor aplicado no segundo semestre.
O órgão não respondeu diretamente as perguntas e apontou um número que não integra o Boletim Logístico. “No âmbito do Ministério da Infraestrutura, os investimentos federais em transportes, realizados no ano de 2019, totalizaram o valor de R$ 9,4 bilhões”, disse a assessoria, sem questionar o levantamento da APL.
Também não foram informados isoladamente os investimentos do segundo semestre.
Sobre outra pergunta da reportagem a respeito da expansão do modal ferroviário, a assessoria respondeu “O amento da participação do setor ferroviário se dará prioritariamente com recursos privados. Estão previstos R$ 55,6 bilhões em investimentos privados nas próximas décadas nos projetos da carteira de concessões do ministério.”
Em 2020, segundo o ministério, estão previstos os seguintes leilões/prorrogações ferroviárias:
* Concessão da Ferrogrão – Lucas do Rio Verde/MT – Sinop/MT – Itaituba/PA;
* Concessão da Ferrovia Integração Oeste-Leste (FIOL) – Caetité/BA-Ilheús/BA;
* Renovações antecipadas de contrato de concessão ferroviária: Rumo Malha Paulista, MRS Logística, Estrada de Ferro Carajás (EFC) e Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM).
A Carga Pesada pediu novo esclarecimento ao governo sobre as diferenças do valor informado pelo ministério e o boletim da EPL, mas ainda não recebeu resposta.