A necessidade a obrigou a aprender, para ajudar o marido, que era autônomo. Hoje sua empresa tem seis caminhões e o marido continua na estrada
Guto Rocha
Quando o caminhoneiro Carlos Alberto Rabelo começou a trabalhar como autônomo, sua esposa, Maria da Penha Rabelo, percebeu que ele precisaria de ajuda. “Era muita coisa para ele administrar, tendo que passar a maior parte do tempo em viagem”, comenta. Isso foi há 19 anos, quando o casal se mudou de Ribeirão Preto para Marília.
A troca de cidade foi um convite do Magazine Luiza, onde Carlos Alberto foi motorista empregado por oito anos. Segundo Maria da Penha, a proposta era continuar trabalhando para a empresa, mas como autônomo. “Ele comprou um Dodge 350, 1976, e veio. Eu também larguei meu emprego, numa fábrica de doces, e vim junto.”
Maria da Penha teve que aprender tudo sobre caminhão para poder ajudar o marido. “Eu não tinha experiência nenhuma, não entendia de administração nem de caminhão”, lembra, embora já tivesse existido um bruto na sua vida. “Meu pai tinha um caminhão velho e, sempre que ele estava em casa consertando, eu estava por perto”, comenta.
Com o tempo, Maria da Penha e o marido expandiram rotas e há 10 anos ela abriu uma microempresa, a MP Transportes, para atender as novas demandas do Magazine Luiza. O marido deixou de ser autônomo e está registrado como empregado, ao lado de outros cinco motoristas da firma, que hoje tem seis caminhões, todos Mercedes-Benz – um 1718, um 915, um 1618 e três 1113.
O marido preferiu continuar na boleia e Maria da Penha cuida da empresa. “Pago as contas, faço cotação e compro os pneus, levo ao mecânico e acompanho o conserto, recebo e confiro as cargas”, diz. Só não dirige caminhão…
O marido, Carlos Alberto, reconhece o mérito da esposa: “O crescimento da empresa se deve ao empenho dela. Eu entendo de caminhão, mas não tenho jeito para administrar. Claro que estou sempre ao lado, passando tudo que conheço de caminhão. Mas a coordenação do negócio é ela quem faz. E está dando certo”.
O casal tem dois filhos, Wagner e Kelvein. Um estuda Engenharia Mecatrônica e o outro Engenharia de Produção. Nenhum deles pensa em ser motorista de caminhão.