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Opinião: “Estão confundindo caminhão com avião”

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Tês caminhões, uma van e uma viatura do Corpo de Bombeiros se envolveram em engavetamento na Rodovia Fernão Dias

Luciano Alves Pereira

 

No princípio de agosto de 2008, o experiente Ulisses Martins Cruz, comentava a imagem de morro abaixo do TRC. Ele é diretor da Empresa de Transportes Martins, de Belo Horizonte. Esta, fundada por seu pai, José Antônio Cruz, há exatos 60 anos. Naquela ocasião, o argumento de Ulisses era que “a população de caminhões de 7 a 70 toneladas representa na frota nacional apenas uns 3% a 4% − como podem ser estes os vilões da história?” Seu inconformismo referia-se ao noticiário dos jornais e das TVs, sempre ressaltando o envolvimento de caminhões nos sinistros rodoviários, em índices muito além dos minguados percentuais acima. De lá pra cá, a situação só piorou para os cargueiros que, afinal, reflete a desarrumação – principalmente, excesso de velocidade − do jeito de tocar dos profissionais do volante. Não estão sabendo lidar com potências de 400 ou mais cavalos.

Exatamente sobre velocidade, a Volvo sueca soltou um relatório, no princípio deste ano, que deixa de lado os rodeios e culpa os estradeiros em 90% como causa dos acidentes ocorridos na Europa, “por desatenção ou má avaliação da velocidade”. Repetindo, má avaliação da velocidade. Agora transportemos o ‘teatro de operações’− para usar um nome típico de guerra – ao Brasil e vejamos o que escreveu a respeito um particular, em fins de 1995. Ou seja, bem lá trás, o professor Jayme Neves, da UFMG, publicou no jornal Estado de Minas (de BH) um artigo intitulado “Carretas assassinas dominam as estradas”. Se já começa pesado no cabeçalho, no miolo, os ataques são cortantes. “De todos os tiranetes modernos, os que mais me amedrontam são os que dirigem carretas”, queixa-se ele.  E segue acusando até o governo de conivente ou indulgente “em tolerar aos facínoras tantos abusos”. Neste tom seguiu até o fim.

Na época, a Revista Veículo (edição de janeiro/1997) saiu em defesa da classe – as entidades pertinentes não se manifestaram −, apontando o desconhecimento estradeiro do articulista e pedindo ao “professor Neves para continuar publicando suas opiniões, de preferência sobre medicina… Por favor!” Nesses 17 anos, muito pioraram as estradas, exatamente quando se requereriam nenhuma desatenção e máxima capacidade de avaliação da velocidade dos condutores. Os desastres alfálticos  passaram do limite do absurdo, causados por profissionais. No princípio de março, seis carretas engavetaram no Rodoanel de São Paulo. Todas perderam o freio? Não. Faltou conduta básica de direção defensiva de guardar distância do veículo da frente. Em outra injustificável falha dos que deveriam ser especialistas, três caminhões, uma van e uma viatura do Corpo de Bombeiros também se envolveram em outro estúpido engavetamento na rodovia Fernão Dias, Betim (MG), na chamada descida de Petrobrás, sentido SP, km 426. Todos profissionais do volante a conduzirem seus veículos em excesso de velocidade, sem manter distanciamento de segurança. Seria este o primeiro diagnóstico estimado.

O sinistro não resultou em vítimas, mas ‘apenas’ parou a linha de produção da Fiat Automóveis, pela suspensão do seu sistema de just-in-time. A montadora reclamou em alto e bom som. Como a pista ficou interrompida por quatro horas, a empresa enviou nota aos quatro cantos do mundo, informando a queda decorrente de produção de 800 veículos, “o que contabilizou um prejuízo de cerca de R$ 24 milhões, além de outros R$ 39 milhões relativos às perdas com montagem incompleta de mais de 1,3 milhões de unidades”. A nota relembra ainda “evento anterior, com fornecedores, o qual teve de ser adiado devido a problemas de tráfego na região, decorrentes de acidente e de falta de alternativa para deslocamento”.

Certo. É preciso reclamar, gritar, incomodar. Porque, como disse o atual governador de Pernambuco, Eduardo Campos, “dá pra fazer mais” e não está sendo feito. Opiniões de gente do ramo são pessimistas, quanto ao equacionamento do trânsito saturado, seja da Fernão Dias, BRs-040, 381 ou de qualquer outra sigla estado afora.  Prevalecem os escassos investimentos federais em Minas, por motivos rasteiramente políticos. O contraste deixa de ser suposição quando se sabe que mal tomou posse Tarso Genro (PT/RS) no governo do estado, bilhões de verbas da união foram despejadas sobre as coxilhas gaúchas. Para não ficar no vago, vale citar alguns importantes melhoramentos viários em execução no sul, entre um chimarrão e outro: segunda travessia do rio Guaíba, duplicações das BRs 448, 392, 116, 290, 386, etc. etc. etc.

Para não deixar o palavrório apontado só para críticas, pinçamos experiência anterior em que indica o aumento de policiamento como antigo e bom remédio. O desbandeiramento do trânsito rodoviário nacional apresenta analogia com os aglomerados cariocas. Intervindo nessas comunidades, as UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora) apresentam balanço positivo, por enquanto. A transposição da ideia para a estrada não seria com tropa armada, mas com o realce do conceito de fiscalização ostensiva, controladora da velocidade, multadora de caminhão que anda fora da faixa própria ou carrega tacógrafo ‘estragado’. Além de coibir os excessos de peso da moçada. Contudo, há um porém: arrocho estradeiro faz perder votos, como ocorreu com os chamados ‘radares atrás da moita’. O desafio está bem na reta e uma verdadeira agonia é crescente já que a pista única da via tem o destino inevitável do travamento geral, enquanto o Brasil se tornará invivível. Para quem sobreviver…

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13 Comentários

  1. A potencia dos motores mais a falta de consiência e a obrigação de cumprir prazo resulta em acidentes e mortes,isto é o Brasil.

  2. A citação sobre o RS me parece exagerada.As tais obras estão andando a passo de cágado,quando não paradas.A segunda ponte sobre o Guaíba,por sua vez,é motivo de briga de beleza entre os interessados em construí-la e os que querem ‘ganhar’ um pouco mais em cima da miséria alheia.Infelizmente nossos condutores não perceberam que a maior potencia é para melhor desempenho geral e não para uma ‘formula truck’ em via pública.

  3. Eu vou fazer um breve comentário  sobre essa matéria, que fala a mais pura verdadepois eu vivo nas rodovias e o que vejo é um total despreparo de muitos motoristasque dirigem caminhões cada vez mais potentes e acham que só por isso tem a preferencia nas estradas, andam sempre em alta velocidade, ultrapassam em qualquer lugar e quandotem alguém em sua frente respeitando a lei, eles usam toda potencia dos seus caminhõespara pressionar este motorista a sair para o acostamento e dar passagem à eles, e a coisa ainda ficapior quando eles estão em comboio porque quando um deles passa os outros vão junto, até pareceque eles estão amarrados uns aos outros, ou só se sentem seguros se estiverem todos colados.eu poderia dizer que isso é coisa de jovem, mais tenho visto muitos senhores de cabelo branco, montados em veículos potentes”se achando”, fazendo bobagens nas estradas, justamente estes que deveriam dar exemplo.A verdade, na minha opinião é que esta sobrando potencia nos veículos e faltando educação aos condutores.

  4. Eu vou fazer um breve comentário  sobre essa matéria, que fala a mais pura verdade pois eu vivo nas rodovias e o que vejo é um total despreparo de muitos motoristas que dirigem caminhões cada vez mais potentes e acham que só por isso tem a preferencia nas estradas, andam sempre em alta velocidade, ultrapassam em qualquer lugar e quando tem alguém em sua frente respeitando a lei, eles usam toda potencia dos seus caminhões para pressionar este motorista a sair para o acostamento e dar passagem à eles, e a coisa ainda fica pior quando eles estão em comboio porque quando um deles passa os outros vão junto, até parece que eles estão amarrados uns aos outros, ou só se sentem seguros se estiverem todos colados.eu poderia dizer que isso é coisa de jovem, mais tenho visto muitos senhores de cabelo branco, montados em veículos potentes”se achando”, fazendo bobagens nas estradas, justamente estes que deveriam dar exemplo.A verdade, na minha opinião é que esta sobrando potencia nos veículos e faltando educação aos condutores.

  5. edgard ribeiro on

    e estão mesmo, a foto ai é na descida da Regap em Betim na 381(Fernão Dias)… Depois que foi duplicada e privatizada(Oh glória, obrigado) a rodovia precisa agora de algumas ferramentas para controlar melhor a velocidade de todos, não só caminhões e carretas… que sim, muitas vezes ultrapassam os limites de bom senso e segurança. Mas automóveis e ônibus também pintam e bordam… 

  6. O excesso de velocidade, as ultrapassagens proibidas, o excesso de carga horária, esta ai pra todo mundo ver. Mas não há interesse em mudar isso, pois causa aumento de frete, inflação, quebradeira de empresários, bla bla bla bla. Então vamos continuar assistindo tudo isso do nosso TRONO DE RECLAMÃO. Enquanto isso a guerra nas rodovias continua.

  7. boa noite,salientando que tambem sou motorista de caminhao, gostaria que a FIAT que, com razão,  bradou a pleno pulmão seu prejuizo decorrente da paralização do JUST IN TIME pelo acidente, tambem se preocupasse com os motorista de suas cegonhas que como loucos trafegam pelo pais, principalmente vazios no retorno e mostrasse ao publico as açoes que está fazendo. se é que está. um grande abraço.

  8. Acho que podemos citar mais alguns motivos desse problema, e quem tem que ficar atento a isso é o proprietário do caminhão. (1) Por falta de mão de obra o proprietário do caminhão tem colocado pessoas despreparadas atrás do volante. (2) Pessoas despreparadas tem se candidatado a este trabalho porque em outros setores não receberiam o mesmo salário em função de sua baixa escolaridade. (3) Aos mais jovens no transporte, vende-se a idéia de dirigir caminhão é estilo de vida; isso é mentira, dirigir caminhão é trabalho para profissional. O caminhoneiro precisa estar consciente de que um sujeito com um carro de passeio na estrada não é um profissional do volante, e, neste caso, prevalece o bom senso de que o maior proteger o menor, ou, o mais experiente protege o “pouca prática”. Não é o caso de bancar a babá dos outros na estrada mas de protege-los de si mesmos. Nosso amigo Urtigão diz isso em suas aulas, tem motorista que acha muita responsabilidade cuidar de um caminhão de meio milhão mas não pode esquecer que a vida das pessoas vale muito mais e é assim que se reconhece um bom profissional.

  9. Eloy de lazzari on

    Eu digo e repito tem que se criar a lei do descanço e a jornada de trabalho de 8 h0ras de serviço. E ainda melhorar as rodovias do país pois as estradas que tinha nos anos 70 são as mesmas de hoje  eos veiculos triplicaran nas estradas e nada foi feito de novas estradas é claro que um dia vai encher de veiculos e caminhoes e nao vai ter mais lugar pra andar. Tem que melhorar as estradas e fazer valer a lei do dencanço. 

  10. josé paulo fragato on

    eu transporto produto br.so ando a 80 km hora e chego la.se todos fizessem o mesmo a coisa mudaria e muito.a policia deveria multar pelo tacogafo.

  11. wilson rebello on

    É uma guerra surda entre motoristas e donos de transportadoras que hoje começam pagar seu preço: a falta de profissionais COMPETENTES no mercado! A maioria ESMAGADORA dos novos motoristas é extremamente mal preparada, desmotivada  e nao domina minimamente as tecnologias e sequer a mecanica básica veicular. Não sabe e nao quer  “puxar” corda, nao sabe regular uma catraca de freio, nao entende NADA de arrumação de cargas, distribuição de peso e acham que com as caixas automáticas, como a poderosa I-shift da Volvo, basta acelerar e tudo esta resolvido. Mas a coisa nao se resume ai. Os cursos de formação de motoristas abertos pelos sindicatos (veja caso Setcepar) estão vazios! Eles nao querem aprender… Falta, antes de tudo, para muitos motoristas, um pouco mais de CULTURA e de PERCEPÇÃO do que vem a ser transporte, estrada, caminhão e logistica…vao continuar matando e morrendo….

  12. A falta de profissionais bem preparados  é uma de tantas mazelas,no transito Brasileiro.temos tambem os patroes que com sua ganancia por mais dinheiro forçam seus empregados a andarem 24 horas por dia,o que esperar de tudo isso?

  13. Bem levantada esta FRASE: ESTÃO CONFUNDINDO AVIÃO COM CAMINHÃO!, Como LI toda a matéria, e COMO PROFISSIONAL HOJE APOSENTADO, INFELIZMENTE TENHO QUE CONCORDAR VISTO QUE PARTICIPEI DO SEMINÁRIO EM 13 DE JUNHO PASSADO, DIAS APÓS EM QUE A LEI 12619/12, tinha sido SANCIONADA PELA PRESIDENTA COM DIVERSO VETOS, VETOS que hoje estão NOVAMENTE sendo DISCUTIDOS, e onde na parte da TARDE TIVE QUE OUVIR DO SENHOR NÉLIO BOTELHO, A SEGUINTE FRASE: SENHOR PRESIDENTE E CONVIDADOS AS EMPRESAS ESTÃO QUEBRADAS, SE ESSA LEI ENTRAR EM VIGOR OS TRANSPORTADORES IRAM A FALÊNCIA! TIVE QUE ENGOLIR AQUELAS PALAVRAS, COMO NÃO ERA POSSÍVEL SE MANIFESTAR, continue ENGASGADO, a POUCOS DIAS, TIVE QUE LER OUTRA FRASE: MOTORISTA GOSTA DE DIRIGIR E SEIS HORAS É UM BOM DESCANSO, FRASE DO DEPUTADO MARQUEZELLI, E LENDO ESTA MATÉRIA A GENTE PERCEBE QUE O PRIMEIRO SÓ PENSA NO FATOR ECONÔMICO, O SEGUNDO ALÉM DE FALAR MERDA, TEM DESCONHECIMENTO, DO QUE É A VIDA DE UM MOTORISTA PROFISSIONAL, nos anos 70,80 e 90, TRABALHAVAMOS, com CAMINHÕES PROPORCIONAIS A ESTRADAS, 1113,1518,1519,1929,1933,1935,110, 111,113, HOJE as ESTRADAS PRATICAMENTE são as MESMAS, MAS OS MOTORES FORAM FEITOS COM NOVAS TECNOLOGIAS, MAIS POTENTES, BITREM, RODO TREM,, estes ACOPLADOS ESTÃO DESTRUINDO AS ESTRADAS, que são FEITAS com materiais de baixa QUALIDADE, SEM FISCALIZAÇÃO e AÍ ENTRA UM OUTRO FATOR A IRRESPONSABILIDADE DOS PROFISSIONAIS E PATRÕES, SEM FISCALIZAÇÃO, OS MESMOS RODAM ATÉ MAIS DE MIL QUILÔMETROS POR DIAS, DESCANSANDO MUITAS VEZES POR POUCAS HORAS, ISTO SEM FALAR NA INGESTÃO DE DROGAS, FATO APRESENTADO PELO PROCURADOR DO TRABALHO DE RONDONÓPOLIS/MS, ONDE EM CEM ABORDAGEM, MAIS DA METADE USAVA DROGAS COMO ÁLCOOL, COCAÍNA, CRACK e  OS DEMAIS OS CHAMADOS REBITES, e ainda QUEREM MUDAR A LEI, AGORA É A COMISSÃO DO AGRONEGÓCIO, COMANDAS POR QUEM: MARQUEZELLI, CAIADO E OUTROS TANTOS, JUSTIFICATIVA, O BRASIL VAI QUEBRAR, A LEI PRECISA DE AJUSTES, O GOVERNO FEDERAL TEM QUE AJUDAR NOS PONTOS DE PARADAS, FAZER UMA LEI COMO A DO CHILE, MAS ISTO NÃO CABE A MIM, OS PROFISSIONAIS TEM QUE COLOCAR EM MENTE, QUE ISTO PRECISA MUDAR, EDUCAÇÃO, CULTURA e DAR VALOR A SUA SAÚDE, POIS CASO CONTRÁRIO AS ESTRADAS BRASILEIRAS CONTINUARAM FAZENDO VÍTIMAS ONDE MORREM FAMÍLIAS INTEIRAS, E DESTROEM OUTRAS TANTAS, POR UM SÓ MOTIVO! GANANCIA, GANANCIA, E O RESTO QUE SE DANE. VALE A PENA UMA REFLEXECÃO, E AS AUTORIDADES FAZEREM O SEU PAPEL.

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