No último dia da Feira Internacional de Transportes – Fenatran –, em outubro, correu pelo Anhembi a notícia de que uma montadora teria tirado mais de quatro mil pedidos de compra durante a feira. Uma única concessionária teria recebido mais de 200 pedidos e ainda um número tal de consultas que comprometeria seu estoque até março de 2012.
São sinais de que o mercado está bom para os transportadores de cargas. Mais animador ainda é o fato, não confirmado, de que pelo menos 60% dessas encomendas seriam de caminhões equipados com os novos motores Euro 5. Ou seja, muitos transportadores estão dispostos a investir na nova tecnologia e apostando que o diesel S50, muito mais puro que o atual, e necessário para os novos motores, estará nas bombas a partir de janeiro de 2012.
Estará mesmo – e custará 6 centavos a mais que o diesel atual, segundo informação divulgada no início de dezembro pela Petrobras Distribuidora. A companhia promete ter o diesel S50 em 900 postos de todo o Brasil, de modo que nenhum caminhão andará mais que 400 km sem encontrar esse combustível. A Raízen – resultado da fusão da Shell com a Cosan – também promete: terá o novo combustível em mais da metade de sua rede estradeira de 450 postos já no início do ano. “Com a receptividade registrada na Fenatran, perdemos o medo do Euro 5”, disse Bernardo Fedalto, gerente de vendas da Volvo.
É certo que eles poluem bem menos e gastam menos combustível. Para se ter uma ideia dos benefícios ambientais da nova tecnologia, os órgãos de controle da qualidade do ar admitem, como tolerável para a saúde humana, o máximo 50 mg/m3 (microgramas por metro cúbico) de material particulado, a temida fumaça preta. Um aparelho chamado respirômetro colocado ao lado de um caminhão Euro 5 registrou 38 mg/m3.
No entanto, esse mesmo aparelho, colocado na marginal do Tietê, que vive cheia de caminhões, ao lado de onde acontecia a Fenatran, registrou nada menos que 732 mg/m3. Ou seja, mesmo que todos os 150 mil caminhões que se projeta vender em 2012 sejam equipados com motores Euro 5, temos pela frente um passivo ambiental que só a inspeção veicular e a renovação da frota poderão amenizar.