Os portos de Arica e Iquique, no Norte do Chile, têm todo interesse em exportar parte da produção brasileira de grãos. Mas, para isso, precisam melhorar muito. O primeiro, que embarca a soja da Bolívia, não tem armazém coberto e, de início, só poderia receber cerca de um milhão de toneladas por ano. O segundo ainda precisa fazer toda a infraestrutura necessária para movimentar grãos, coisa que demora três anos, se o Brasil garantir que irá utilizar o porto.
Ambos são pequenos, mas têm condições para expandir a capacidade. O de Arica, próximo à fronteira com o Peru, foi concedido à iniciativa privada em 2004, tem de oito a 13 metros de calado, cerca de 30 mil metros de armazéns cobertos (não para grãos) e 220 mil metros quadrados para contêineres. Foi o que informou Sebastián Montero Lira, vice-presidente da estatal que supervisiona a unidade.
Ele explicou que, desde a privatização, o porto triplicou a capacidade: passou de 1,1 milhão para três milhões de toneladas de produtos exportados por ano. A maior parte vem da Bolívia e só 25% são granéis. “Temos projeto de investir num novo terminal graneleiro, mas depende da demanda. Não vou construir um cais para quatro milhões de toneladas (por ano) se não tenho produto para embarcar”, afirma.
Os dois portos mostram-se bem organizados e limpos. Não há fila de caminhões… “Nosso tempo médio de descarga é de duas horas”, informa o representante de Arica. Além de companhias chilenas, uma empresa do Peru participa do consórcio que administra o porto de Arica. “Foram feitos investimentos de 90 milhões de dólares depois da concessão”, ressalta.
Em Iquique, 400 km ao Sul de Arica, a movimentação de granéis é insignificante, mas o gerente Juan Jose Ramirez Nordheimer diz que há um espaço de sete hectares reservado se o Brasil decidir levar os grãos para o Pacífico.
Com calado de 12 a 24 metros, Iquique tem uma particularidade: parte do porto é privada e parte é pública. O gerente diz que o porto opera com apenas metade de sua capacidade (40 navios por mês) e que praticamente não há limite para expansão. “Com tranquilidade, teríamos condições de receber oito milhões de toneladas de grãos do Brasil”, estima.