Ministro da Economia vendeu um otimismo que não se confirmou. O que, diga-se, não é muito incomum…
Luciano Pereira
A redução do preço do diesel nas bombas foi bem menor que a esperada pelo governo. Segundo pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP), no final de junho a queda era de 2,28% desde a redução de 15% nas refinarias no início do mesmo mês. Na ocasião, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, havia estimado que a queda chegaria a 9,6% nas bombas.
A ANP encontrou um preço médio do diesel no Brasil de R$ 2,057 por litro, ante uma média anterior de R$ 2,105. Se os 9,6% se confirmassem, o preço na bomba chegaria a R$ 1,90 o litro.
No histórico dia 9 de junho, entretanto, em que o mundo caminhonístico surpreendia-se com o preço do óleo diesel em baixa, a rede mineira de postos Dom Pedro (bandeira Ipiranga), líder de galonagem da Fernão Dias (BR-381), diminuiu o seu preço em R$ 0,14, ou 7%, chegando a R$ 1,999 o litro, no Posto da Curva, do km 485, na saída de Betim. Joselande Alves, funcionário da casa, incumbiu-se de remarcar o diesel nas bombas e confirmou “jamais ter visto uso do dispositivo de controle eletrônico para diminuir o preço; só o contrário”. E olhe que ele está no ramo há 16 anos!
Com o dobro deste tempo correndo pelas estradas, Ângelo Bartelle aguardava na bomba pelo abastecimento, sendo o primeiro da fila. “Com 32 anos de estrada, não me lembro de ter passado por essa”, foi logo dizendo Bartelle. Ele está no seu oitavo caminhão, um MB 1622, ano 92. Residente em Farroupilha (RS), o caminhoneiro não escondia, porém, sua preocupação com “pressões sobre um frete pra lá de minguado”.
José Natan, presidente do Sindicato União Brasileira dos Caminhoneiros e Afins (SUBC), de Belo Horizonte, reage com apatia diante do acanhado da queda: “Continuo achando que a Petrobras poderia ter reduzido o preço do diesel junto com a isenção do IPI para a indústria automobilística, ainda em dezembro passado”. A seu ver, a detentora do monopólio do petróleo no Brasil “saqueia os consumidores alegando desculpas esfarrapadas”, já que o barril despencou de 150 dólares, no ano passado, para os atuais 68. No intervalo, passou por valores ainda menores.