Nelson Bortolin
Apesar de toda asfaltada, a rota Corumbá até os portos do norte do Chile – atravessando a Bolívia – não é viável neste momento para o transportador brasileiro. A menos que seja terceirizada mão de obra de caminhoneiros bolivianos. A opinião é de Roberto Mira, presidente da Mira Transportes. Da sexta-feira (27) até a quinta-feira (3), ele integrou a comitiva de transportadores e produtores de Mato Grosso do Sul que percorreu todo o trajeto de cerca de 2.500 km. O grupo viajou em 26 caminhonetes.
A expedição deixou Iquique na quinta-feira e segue agora em direção ao Paraguai. Neste sábado (5), os empresários esperam ser recebidos pelo presidente daquele País, Horácio Cartes.
“Se você perguntar se temos condições de colocar nossos caminhões pesados hoje nesta rota, eu digo não, de jeito nenhum”, avalia Mira. Um dos principais entraves para o caminhão brasileiro chegar aos portos do Chile é o trecho de cerca de 300 km na Bolívia entre Santa Cruz de La Sierra e Cochabamba. Além de perigoso devido ao traçado e ao relevo, o asfalta está em péssimas condições.
Apesar disso, o presidente da Mira considera que a expedição foi exitosa. “A minha avaliação é de que foi extremamente positiva. Há mais de 30 anos se fala na saída para o Pacífico e precisávamos conhecer as condições de infraestrutura do caminho”, afirma.
O empresário é entusiasta da saída pelo Pacífico. Há 30 anos, ele transportava insumos agrícola para a Bolívia e resolveu se aventurar até o Porto de Iquique de carro. “Tinha alguns clientes meus que utilizavam esse porto para importar produtos. Resolvi conhecer o caminho. Rodei o trecho com uma autoridade boliviana. Era só cascalho”, recorda.
A expedição se tornou possível pelo fato de o governo boliviano ter concluído, há seis meses, com empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o asfaltamento da pista entre Corumbá e Santa Cruz de La Sierra. Naquele trecho, o pavimento é de concreto e está em perfeitas condições.
Roberto Mira ressalta que há outros desafios, além do asfalto, a serem vencidos. Na Bolívia e no Chile, o limite máximo de carga líquida é de 25 toneladas, contra 37 do bitrem brasileiro. “Equacionar este problema não é tarefa fácil e depende da ação dos governos”, ressalta.
Para o empresário, hoje só seria viável utilizar essa rota se houver uma forma de terceirizar a mão de obra ao caminhoneiro boliviano. “Eu entregaria a soja para ele em Corumbá e ele iria levando aos poucos até o Chile”, afirma.
Mira não prosseguiu junto com a comitiva até o Paraguai. Mas acredita que a rota que passa pela cidade de Porto Murtinho (MS) seria mais interessante. Dali, são apenas cerca de 1.400 km até Iquique, cruzando o Paraguai e passando por um trecho menor ao sul da Bolívia. Mais curta, menos acidentada, a rota segue o Trópico de Capricórnio. O problema é que para viabilizá-la é preciso asfaltar 160 km na Bolívia e 400 no Paraguai, e construir uma ponte sobre o Rio Paraguai.
Um assessor do governo paraguaio que acompanhou a expedição afirma que o presidente Cartes tem todo interesse em contribuir para viabilizar a rota. Por isso, a comitiva seguiu para Assunção.
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– A reportagem da Carga Pesada acompanhou a expedição até Iquique a convite da Scania e da Noma, duas das patrocinadoras da iniciativa.
1 comentário
vejão que ipocresia, as nossas estradas caindo os pedaços, e nós financiando estrada na bolivia, e daqui a pouco estaremos financiando até os portos no chile , enquanto os nossos caeem os pedaços e não comportam escoar a nossa exportação, isto é uma vergonha, mas esta é a politica do PT, ainda bem que os componentes da expedição , julgarão impraticável o trajeto