Evento realizado nesta terça (19), em Porto Alegre, dedicou um painel a ESG, inovação e ao diálogo com o poder público
Leiliani de Castro
Thais Bandeira Cardoso é diretora de negócios da KODEX Express no Rio Grande do Sul e foi uma das facilitadoras que trouxe o evento a Porto Alegre. A empresária sugeriu a inclusão do debate sobre políticas públicas.
Em uma de suas viagens internacionais, com destaque à Califórnia, viu de perto a integração público-privado e resolveu debater a questão no Brasil: “Eu vejo que é uma necessidade e a gente tem muitos cases lá fora para que a gente possa começar a montar um trabalho aqui dentro e transformar isso. E se a gente não fizer isso, a gente vai, como país, estar fora do crescimento, sustentável e economicamente também.”
Bandeira se conectou ao evento ao perceber a possibilidade de cooperar e fazer contatos de valor entre os participantes. Para ela, o diferencial do Rota Feminina, apesar do nome, é o seu enfoque.
Ao invés de falar sobre dores e dificuldades em ser mulher no mercado de trabalho, o movimento subverte esta lógica, demonstrando mulheres líderes, mulheres em cargos operacionais; debatendo políticas, finanças, inovação: “Vamos falar de políticas públicas, economia, finanças. Para que o público veja que as mulheres falam disso. Que as mulheres estão nas empresas liderando, mas estão economicamente ativas.”
O painel “Acelerando a rota – inovação, ESG, economia e políticas públicas: uma mesa-redonda provocativa abordando a importância da inovação, práticas sustentáveis, economia e políticas públicas para o desenvolvimento do setor”, do qual Thais participou, foi mediado por Rafaela Cozar e teve a presença de Ana Laura Bueno, site leader na Amazon, Deborah Cardoso, advogada e consultora e Moisés Barboza, vereador de Porto Alegre em segundo mandato.
Em entrevista à Revista Carga Pesada, Thais Bandeira comenta que sempre incentiva as mulheres a se politizar e chama atenção para o fato de que elas também estão aptas a pensar e falar sobre políticas: “Tento falar para as mulheres se colocarem o mais politizadas possível, entender políticas, entender tudo o que a gente pode se conectar com eles, e aí dentro das empresas, fazer isso, ninguém vive hoje sem pensar em política. A política é uma ferramenta para a sociedade, para nós, como empresa, para crescimento econômico, etc. A gente tem que estar entendendo, conectado, cobrando, fazendo com eles e prosperando. Eu dissemino um pouco disso para fazer com que a gente discuta isso. E não só as experiências das mulheres. Esses debates são necessários e esses debates geralmente são masculinizados, né? Só os homens falam de política, só os homens estão lá debatendo sobre políticas públicas, só os homens falam de economia, finanças. Não! A gente também fala”.
O debate em prática: a iniciativa privada engajada no social
O Movimento Rota Feminina, lançado em 2021, conta, até hoje, com o trabalho voluntário de mulheres do setor de transportes e logística que têm interesse em compartilhar suas experiências com o público atraído pelos eventos.
De lá para cá, o Rota esteve na Fenatran, realizou Feira de Profissões, um Fórum para mulheres do setor, mentorias, grupos de estudos, entre outras ações. Vale ressaltar, no entanto, que todo o trabalho só é possível com a colaboração de patrocinadores e voluntárias do movimento.
Estes eventos não têm fins lucrativos. “O objetivo é levar para cada vez mais pessoas, em lugares diversos, os temas que a gente aborda aqui. Mas para isso, não temos dinheiro, dependemos dos patrocinadores, daqueles que acreditam na causa. Em relação às nossas despesas, são todas por nossa conta, justamente por entender que o nosso objetivo é maior do que o financeiro”, pontua a advogada e apoiadora Deborah Cardoso. “É um trabalho social, de fato. É o “S” do ESG, de acordo com Denise de Melo, diretora administrativa da TPF.