Engenheiro Rubem Melo tira dúvidas de caminhoneiros sobre amarração de carga
Leiliani de Castro e Nelson Bortolin
A amarração de carga é um problema muito sério no Brasil. Segundo o engenheiro especializado em transporte Rubem Melo, da TRS Engenharia, amarrar carga de forma errada é causa comum de graves acidentes de trânsito no País.
Para um episódio do podcast da Revista Carga Pesada, a reportagem foi até o Posto Portelão, em Cambé (PR), ouvir os caminhoneiros a respeito desse tema. De forma geral, eles consideram que amarrar carga é uma tarefa fácil.
“No meu caso, que transporto grãos e adubo, tem de usar corrente e é preciso travar bem e não forçar muito para a corrente não estourar”, disse Rogério Santana, caminhoneiro de Nova Mutum (MT). Ele também já trabalhou com baú e afirmou que não teve dificuldade.
A reportagem encaminhou os comentários dos motoristas para análise de Rubem Melo. E ele respondeu: “O Rogério está certíssimo. Na graneleira, o segredo são as correntes internas que dão sustentação para as grades. A pressão que o grão exerce de um lado sustenta o outro lado, por isso as correntes entre as grades e os fueiros são fundamentais para dar sustentação às grades da ganeleira”, explicou.
Muita gente puxa carga convencional em carreta graneleira como frete de retorno. É aí que mora o perigo. “Cargas como big bas, pallets, perfis de aço, você não usa corrente interna. E quando você não usa corrente interna, se a carga tombar, ela pode abrir a grade da graneleira. Sem as correntes, as cargas estão sustentadas apenas por aqueles pininhos entre a grade e o fueiro. Quem dá sustentação para as grades são as correntes internas”, repetiu.
CORDA É PROIBIDA
O motorista de Londrina (PR) Olívio Rocha disse que já trabalhou com todo tipo de carga. “Na lona, é fácil, é só esticar as borrachas”, resumiu. “Agora tem carga que precisa amarrar bem com corda.”
Segundo o engenheiro, a resolução 945 do Conselho Nacional do Trânsito (Contran), que substituiu a 552, estabelece que cordas só podem ser usadas para amarrar lona. A carga em si tem de ser amarrada com cintas, correntes ou cabos. A corda não deve ser usada porque não tem garantia de resistência.”
APREENDIDO NO ACRE
O baiano Jarbas Cristal teve seu caminhão retido por um policial rodoviário no Acre em março deste ano. Ele carrega canos em graneleira. “O guarda disse que a carga estava mal amarrada e me mandou para o pátio. Eu questionei porque sabia que estava tudo certo: usava rede, cinta corda. Mas o policial disse que no graneleiro tem de usar a carga da grade para baixo. Tive de voltar 45 km até o pátio”, contou.
Quando chegou no local, o inspetor da polícia rodoviária atestou que estava tudo certo com a carga do baiano. “Ele me deu um papel para eu voltar e mostrar para o guarda”, explicou. Mas o motorista não voltou. Preferiu pagar a multa de R$ 159. “Se eu voltasse, o guarda ia inventar alguma coisa e me mandar para o pátio de volta.”
De acordo com Rubem Melo, a carga de Cristal está amarrada da forma certa. “O que está acima da graneleira tem de receber o tirante diagonal, que a gente conhece como rede ou tarrafa.” Isso é para evitar que, numa frenagem, essa carga escorregue e avance sobre a cabine do veículo.
Assista abaixo o episódio do podcast da Revista Carga Pesada:
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