Motoristas de veículos com carrocerias frigoríficas do tipo “gancheira” precisam receber treinamento especial para evitar tombamento desses conjuntos. Especialmente no que se refere à velocidade antes de entrarem em pontos críticos como curvas fechadas, alças de acesso, retornos e rotatórias. Quem dá as orientações é o engenheiro mecânico Rubem Penteado de Melo, da TRS Engenharia, de Curitiba.
Rearranjar a carga após entregas parciais, de modo a evitar o balanço excessivo, é outra medida preventiva que deve ser tomada, segundo ele. “Durante uma trajetória em curva, os veículos experimentam a aceleração lateral (ou “força-g”). Dependendo da intensidade da aceleração, o veículo perde sua estabilidade lateral e ocorre o tombamento”, explica.
A aceleração lateral, conforme ensina o engenheiro, provoca a transferência de parte do peso do lado interno da curva para o lado externo. Essa transferência de peso provoca a inclinação do veículo. “A movimentação relativa da carga dentro da carroceria também afeta essa transferência de peso. O deslocamento da carga para o lado externo da curva, desloca o seu centro de gravidade, antecipando a ocorrência do tombamento”, afirma.
O engenheiro sustenta que as características de tombamento de um veículo são fortemente influenciadas pelo movimento livre da carga dentro do compartimento da carroceria. Em um tanque carregado com volume parcial do líquido por exemplo, esse movimento é mais intenso, produzindo um efeito conhecido como “slosh”. Esse movimento da carga desloca lateralmente o seu centro de gravidade, reduzindo a performance ao tombamento desses veículos.
No caso de cargas suspensas, como nas carrocerias frigoríficas do tipo “gancheira”, segundo Melo, três aspectos são significativos na sua estabilidade. O primeiro é o fato de a carga estar fixada diretamente no teto como se fosse um pêndulo livre, e não apoiada no piso da carroceria. Isso aumenta a altura do centro de gravidade, contribuindo para a instabilidade.
Outro aspecto a ser levando em consideração é a possibilidade de balanço lateral da carga. “Isso ocorre quando existe espaço na carroceria, permitindo um deslocamento angular do centro de gravidade, similar ao movimento de um pêndulo. A intensidade do balanço será proporcional a velocidade, a manobra e ao espaço livre da carga em relação as laterais do furgão”, explica.
Por último, é preciso levar em conta que o eventual impacto da carga contra a parede lateral do furgão provocará também um distúrbio adicional, que altera a estabilidade do veículo, durante as manobras. “Em função das características da carga transportada, veículos do tipo frigorífico “gancheira” tem, relativamente, baixa estabilidade ao tombamento, quando comparados com aqueles que transportam cargas convencionais”, afirma.
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