O caminhão representa um capital que João Batista de Almeida não imaginava
poder juntar quando era empregado
Nelson Bortolin
Com ajuda do patrão para quem trabalhava, o caminhoneiro João Batista de Almeida, 49 anos, tornou-se autônomo três anos e meio atrás e viu seu faturamento saltar de R$ 1.600 para R$ 20 mil mensais. Fazia nove anos que ele tinha carteira assinada na Rodonaves, de Ribeirão Preto (SP), quando decidiu partir para o próprio negócio. Pegou o dinheiro do acerto, deu de entrada num MB 1935, ano 98, da própria Rodonaves, e agregou-se a ela. Hoje, quase terminando de pagar as prestações do MB, João Batista está negociando com a empresa a compra de um novo cavalo.
“A gente tem de ser criativo e ter pensamento positivo. E estar sempre com o pé firme para continuar crescendo”, diz ele. Seu ganho, depois de descontadas as despesas, não é muito melhor que o do tempo de empregado. “Ainda pago a prestação do caminhão e recentemente gastei R$ 12 mil para fazer o motor. Mas só de ser dono do meu próprio negócio e ter gerado um capital já é uma grande diferença.” O caminhão, segundo ele, vale cerca de R$ 140 mil.
Seu próximo passo é adquirir um eletrônico MB 1938, ano 2001/2, que pode melhorar seu rendimento. A política da Rodonaves, segundo ele, é renovar a frota a cada cinco anos e vender os usados para os agregados.
João Batista, que faz a linha Ribeirão Preto-Goiânia, conta que seu atual caminhão, por ser bicudo, só está habilitado a engatar as poucas carretas de 13,60 m ainda em uso. Com o novo cavalo, frontal, vai poder engatar as carretas mais modernas, de 15 m, e ganhará também na altura da carga. Ele não vai faturar mais, porque recebe por quilômetro rodado. Mas pode ganhar tempo se, ao chegar ao destino, houver outra carreta já carregada à sua espera.
Na condição de agregado, João Batista só abastece nas unidades da Rodonaves com diesel adquirido da distribuidora. Além de ter garantia de qualidade, com isso ele economiza 4% a 5% no preço. “A empresa repassa o diesel para os agregados pelo preço que pagou”, informa. Ele calcula que gasta de seis mil a sete mil litros de diesel nas 12 viagens entre Ribeirão Preto e Goiânia que faz mensalmente.
Para João Batista, um segredo do seu sucesso está na sua dedicação à Rodonaves. “O seo João Naves (dono da empresa) sempre confiou no meu trabalho. Falo isso com orgulho. É uma relação que está sendo muito boa para mim e para a empresa.”
E qual conselho João daria aos companheiros de profissão? Ele diz que é preciso ter “muita garra e persistência”. “A profissão que a gente escolheu não é fácil. É possível crescer com ela, mas tem que se esforçar porque o mercado hoje exige o máximo do profissional, tanto do empregado quanto do agregado.”