Caminhão 4×2 tem uma vantagem importante: a capacidade de rampa
O que é melhor: caminhão toco ou trucado? A pergunta pode parecer primária, mas muita gente não sabe exatamente quais são as vantagens de um e do outro. O engenheiro mecânico Rubem Penteado de Melo, da TRS Engenharia, explica: “O caminhão 6×2 (trucado) tem uma série de vantagens. Uma delas é o maior Peso Bruto Total (PBT). São 23 toneladas contra 16 toneladas do toco”, afirma.
Além disso, o 6×2 oferece maior estabilidade lateral, devido à presença de um eixo a mais. “O caminhão-trator 6×2, de forma similar, apresenta as mesmas vantagens. E ainda, neste caso, há menor risco de acidente do tipo L ou de efeito canivete. E também menor risco de o veículo ser multado por excesso de peso nos eixos”, declara.
Mas, há um quesito no qual o 4×2 (toco) leva vantagem: a capacidade de rampa. “Essa diferença passa a ser relevante especialmente em estradas de terra. Por isso, é comum utilizarem o 4×2, por exemplo, na coleta de leite”, ressalta.
Melo explica que a menor capacidade de rampa do trucado se dá pelo menor peso concentrado no eixo de tração. “No 6×2, temos aproximadamente 8.500 quilos na tração, enquanto no 4×2 são 10.000 quilos.”
Após uma conta que envolve coeficiente de atrito e torque dos veículos, o engenheiro conclui que um caminhão 4×2, que tem 16 toneladas de PBT, vence uma rampa de até 27% (15,1º). Já o 6×2 (23 toneladas de PBT), vence rampa de apenas 15,5% (8,8º). “Por isso, o condutor suspende o 3º eixo do caminhão trucado quando precisa ganhar tração. Assim, ele aumenta o peso no eixo de tração.” A medida, no entanto, não é aconselhável. “Ela alivia o eixo dianteiro e pode comprometer a dirigibilidade. O caminhão fica ‘passarinhando’, como se fala na linguagem da estrada”, explica.
Por isso, na estrada de terra, o ideal não é 6×2 nem 4×2, mas o 6×4. “A diferença é enorme porque temos nesse modelo 17.000 quilos nos eixos de tração. Um caminhão 6×4 (com 23 toneladas de PBT) vence uma rampa de 32,1% (17,8º) na terra”, alega.
2 Comentários
Caro Rubem
Excelente explicação. Espero que seus colegas engenheiros que tem o poder de caneta nos órgãos administrativos de controle do nosso trânsito e legislação correlata também leiam estes artigos e considerações feitas.
É difícil vencer ideias pré concebidas e/ou incutidas nas mentes dos que legislam, nos condutores e em todos os seguimentos. Como nosso país não valoriza a pesquisa e as estatísticas, as decisões são tomadas, em grande parte, para agradar grupos e/ou para “ficar bem na fita”.
É notório como, em função da economia, certas empresas responsáveis por “administrar” rodovias em nosso país, não se dobram (em função dos lucros) aos resultados de pesquisas e novas técnicas que podem salvar vidas no trânsito.
Em outros seguimentos também tomam-se decisões do estilo. Não está dando lucro, para que mexer. Até que vem acidentes e prejuízos materiais e com vítimas humanas. Estes não dá para reparar mais.
Obrigado Alex. Abç