Bosch diz que está praticamente pronta para a nova tecnologia e vê prejuízo em eventual prorrogação de prazos
Nelson Bortolin
Se houver adiamento da implantação dos motores Euro 6, os sistemistas – empresas que fornecem peças às montadoras – serão prejudicados porque já fizeram investimentos para se adaptar à nova tecnologia. “Estamos de 80% a 90% preparados para o Euro 6. Faltam apenas algumas últimas validações a serem feitas para o Brasil. Se houver adiamento, teremos uma grande perda de investimentos em competência de engenharia, em equipamentos, dinamômetros, enfim, toda uma infraestrutura preparada”, afirma o diretor de Engenharia da Divisão Powertrain Solutions da Bosch América Latina, Mauricio Lavoratti.
Segundo ele, também houve muito investimento com o envio de pessoal para fazer treinamento na Europa e na América do Norte, onde a tecnologia já foi implantada. “Empresas como a Bosch e outros sistemistas têm de andar antes que as montadoras, se preparando para poder atender aos projetos.”
A legislação brasileira prevê que novos modelos de caminhões homologados a partir de janeiro do próximo ano devem ter motorização Euro 6, visando a redução de emissão de poluentes. Para os demais veículos novos, a exigência passa a valer em janeiro de 2023. Mas a associação que representa as montadoras brasileiras – a Afavea – alega falta de tempo hábil e impactos financeiros para postergar os prazos.
Lavoratti ressalta que as adaptações dos produtos ao Brasil levam em conta a maior mistura de biodiesel no diesel. Na Europa, essa mistura é de no máximo 7%. No Brasil, já está em 12% e vai chegar a 15% em 2023.
Veja no vídeo.
Questionado se os produtos Bosch para Euro 6 terão custo mais alto, o diretor afirma que sim, mas que haverá compensação pela melhora da eficiência. “A tecnologia embarcada no Euro 6 é mais complexa. Existem softwares muito complexos. E também bicos injetores mais modernos, nos quais a combustão é feita de maneira mais limpa”, explica. “Tudo isso encarece a tecnologia, porém, com novos lubrificantes, com a gestão térmica mais moderna, você pode tirar esses custo adicional na eficiência dos motores.”
Lavoratti ressalta que as evoluções tecnológicas incomodam no momento em que são implantadas, mas se mostram vantajosas com o tempo. “No início da década de 1990, passou-se a ter a injeção eletrônica. Muita gente torceu o nariz com essa mudança, mas ao longo dos anos ela acabou se provando eficiente”, exemplifica. “Quando a tecnologia tem um manejo correto, você consegue realmente tirar economia operacional do seu produto”, complementa.
Para o diretor, a manutenção dos veículos também tende a ficar mais barata com o tempo, até porque as inovações automatizam diagnósticos de problemas. “Encontra-se facilmente algum erro, substitui-se algum componente, não precisa substituir todos”, declara.
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