Ela é filha de caminhoneiro, esposa da caminhoneiro e tem um caminhão. Aurineide Gondim Freire respira assuntos da estrada todos os dias desde 1993, quando ajudou a fundar a Associação dos Caminhoneiros Autônomos de Tabuleiro do Norte (Acatan), no Ceará.
Um dos principais trabalhos da Acatan é a capacitação de motoristas. “Nestes 16 anos, já treinamos mais de dois mil profissionais”, diz. A frota dos associados chega a 600 caminhões e eles atendem a empresas como a Tecelagem Vicunha e a Vulcabrás.
Mas o que mais preocupa Aurineide é a falta de atenção do governo com os caminhoneiros, sobretudo nas questões de saúde. “Aqui no município, em função da nossa organização, conseguimos prioridade para atendimento aos caminhoneiros. Mas, no restante do Estado e do País, eles estão completamente desamparados”, reclama.
Segundo ela, as unidades do Sest/Senat no Ceará instaladas próximo a rodovias estão todas fechadas. A única que está funcionando fica no centro de Fortaleza, muito longe de quem trabalha na estrada.
Para Aurineide, é preciso uma mobilização nacional que reúna caminhoneiros e empresários de todos os setores. “O que adianta produzir se não tiver o caminhoneiro para transportar? Os profissionais da estrada precisam ser mais valorizados. Se os caminhoneiros pararem, o Brasil para”, completa.
Caminhão em estrada estadual, só com AET
A Acatan luta para derrubar a proibição do tráfego de caminhões nas rodovias estaduais do Ceará. O Detran local baixou resolução no ano passado exigindo AET (Autorização Especial de Trânsito) para caminhão que quiser fazer esse tipo de percurso. O argumento é de que as estradas estaduais não estão preparadas para o aumento do volume de tráfego de caminhões pesados no Estado. Por isso, eles devem usar só as federais.