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Caminhoneira denuncia condições de espera em siderúrgica

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Vanessa Mariano se revoltou com o tratamento recebido na ArcelorMittal, em Rio das Pedras

Um relato emocionado postado no Instagram pela caminhoneira Vanessa Mariano Machado viralizou e causou indignação dos internautas em relação à empresa ArcelorMittal. Dia 28 de março, ela foi até a sede da siderúrgica em Rio das Pedras (SP) para carregar. E teve de esperar 24 horas numa sala desconfortável e sem água.

A motorista conta que já havia passado por outras longas esperas, mas sempre pôde ficar dentro do caminhão. No vídeo há uma sequência de imagens daquele dia. Às 19h30, por exemplo, Vanessa mostra a sala onde aguardava desde às 5 da manhã. “Não tem água, só o filtro novo sem água.” Ela está deitada num sofá desconfortável.

Às 3h28, a motorista conta que está “destruída, cansada, exausta”. “Agora é que estão enlonando o caminhão. Ainda falta pesar e esperar a nota para poder sair.”

Noutra trecho, ela promete nunca mais voltar à empresa. “Fico triste de saber que muitos colegas terão de continuar passando por isso.” “Em dez anos de profissão nunca passei por uma situação dessa. Já aconteceu de eu esperar por muito tempo, mas dentro da cabine do meu caminhão, nunca numa salinha como essa.”

Na postagem Vanessa também lamentou que a empresa é a mesma que faz campanha sobre diversidade, inclusão e colaboração com o meio ambiente. “Essa mesma empresa que faz tudo isso aqui com o motorista.”

A Revista Carga Pesada questionou a ArcelorMittal sobre as denúncias apresentadas pela caminhoneira. A assessoria de imprensa encaminhou uma nota à redação informando que a siderúrgica “experimentou situação operacional no atendimento aos motoristas de caminhões na unidade de Rio das Pedras (SP) que desencadeou um tempo de espera maior que o habitual”.

O texto diz que, ao identificar a situação, a empresa “adotou todas as providências necessárias para normalização da rotina operacional, que teve os tempos de espera reduzidos” já no dia 29 de março. “A empresa tem voltado seus esforços para ações estruturantes que otimizem a operação de carregamento e assegurem conforto aos motoristas em todas as suas unidades”, prossegue a nota.

ArcelorMittal sustenta que a permanência dos motoristas nos veículos “não é permitida durante as operações de carregamento e descarregamento dado que estas envolvem, dentre outras atividades, o trabalho com cargas suspensas”. “Neste sentido, por questões de segurança e mitigação do risco de acidentes não é permitida a permanência dos motoristas dentro da cabine do veículo durante tais operações”.

Apesar do vídeo mostrar uma realidade diferente, a assessoria de imprensa alega que as salas de espera da companhia contam com “com ar-condicionado, bebedouros refrigerados, televisores e assentos ergonômicos para os motoristas, havendo, ainda, a disponibilização de refeições de acordo com o tempo de espera”.

A reportagem procurou novamente a empresa para dizer que as imagens mostradas por Vanessa contradizem as informações prestadas. As cadeiras não são ergonômicas (são simples, de metal e plástico duro, ligadas umas às outras, típicas de salas de espera) e não havia sequer água no bebedouro.

A revista questionou ainda se os caminhões não poderiam ficar estacionados em local seguro e só ser deslocado para a operação na hora da carga, permitindo ao motorista esperar na boleia.

Mas a empresa não deu retorno a esses novos questionamentos.

Comentários dos colegas

O post da Vanessa Mariano Machado recebeu vários comentários:

“Um verdadeiro absurdo! Isso fere o princípio maior da Constituição Federal que é a dignidade humana! Os caminhoneiros não podem ser sujeitados a isso!!!!! Parabéns @vanessamarianomenina pela iniciativa. A denúncia não só nas redes sociais, mas também no Ministério Público é muito importante e acionar as vias judiciais também pra buscar as reparações. O caminhoneiro não pode se intimidar!!”. Essa mensagem foi deixada pelo perfil advogadademotoristas .

Já Lucileia Sales escreveu: “Infelizmente, é tudo verdade o que ela está dizendo. Meu marido sabe muito bem o que é passar mais de 24 horas a espera. Isso, quando ainda não colocam para fora e diz que não tem carga, depois de mais de 12 horas.”

Outro que cumprimentou a caminhoneira foi Donizeti Rodrigues de Santana: “Deus abençoe!!! Use sua voz pra denunciar mesmo, porque não adianta ter milhão de seguidores apenas para defender políticos que em nada nos ajudam. Essa é a realidade dentro de muitas empresas no nosso país. Somos tratados pior que bicho. Grandes grupos que defende muitas causas que geram marketing nos tratam como escravos, sem direito a refeições, sem direito a descanso. Somos humilhados no trabalho. Parabéns!!!”

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