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O dia em que um caminhão parou BH

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Incidente bobo, ocorrido em corredor urbano de grande tráfego, levou mais de 12 horas para ser destravado. O nó se desfez na estrada, mas ficou outra mancha na degradada imagem dos cargueiros

Luciano Alves Pereira

No começo de outubro, um Mercedes truque 1620, vindo do interior de Sergipe, tinha de atravessar Belo Horizonte através do esbagaçado Anel Rodoviário da cidade, com sua carga de frutas e farinha em direção a Santos (SP). Pouco antes de chegar ao viaduto sobre a Avenida Antônio Carlos, seu motorista José Alves dos Santos fez uma manobra inesperada: passou pela mureta de separação, atravessou para a pista oposta, atingiu um Ford Ka e uma picape Fiorino e derrubou uma estrutura de tubos atarraxados uns aos outros, que era o pilar central de uma passarela para pedestres (mais improvisada, impossível). Só o motorista da Fiorino ficou ferido e foi levado a um hospital.

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Congestionamento no Anel Rodoviário de Belo Horizonte: cena constante

Isto foi ao meio-dia. Como a passarela ficou destruída e ameaçava cair, o trânsito ficou interrompido até tarde da noite. O Anel Rodoviário, um corredor de 150 mil veículos por dia, teve de parar. Congestionamentos imensos, em todas as direções. Em resumo: o caminhão de Itabaiana (SE) parou Belo Horizonte por mais de 12 horas.

Fatos assim vêm acontecendo às centenas pelo país e em mais da metade tem um caminhão envolvido, estorvando (quando não, destruindo) a vida das pessoas. Por isso, a imagem do TRC se arrasta hoje pelas sarjetas, como um molambo sem lavar, apesar dos esforços das entidades de classe em sentido contrário.

O desgaste é antigo e é bom que se diga que polimentos à imagem do TRC são preocupações em vários países. Nos EUA, o empenho é grande. Na primeira semana de outubro, a ATA (entidade dos transportadores americanos) divulgou o resultado de uma pesquisa nacional que, para nós, é de causar inveja. O documento conclui que a percepção dos americanos em relação a caminhões e seus motoristas é mais favorável do que supunham os executivos do ramo. Eis algumas opiniões de um conjunto de 800 pessoas consultadas:

– 80% acreditam que os motoristas de caminhão praticam direção mais segura do que os automobilistas em geral;

90% acham que os outros motoristas são mais propensos a abusar da velocidade do que os caminhoneiros;

– 74% acham, a princípio, que em acidentes envolvendo automóveis versus caminhões, os motoristas dos primeiros são os errados.

Para Bill Graves, presidente da ATA, a sondagem confirmou que os parceiros da estrada “sabem que os condutores de caminhão são profissionais especializados e têm consciência do que é direção segura”.

Não é demais repetir: isso é o que acontece nos EUA, onde o TRC é tão importante quanto no Brasil. Dá para visualizar que um mundo melhor é possível.

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