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NOVAS COMPOSIÇÕES: Autônomos tentam ‘derrubar’ rodotrem de 91 t

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O chamado super-rodotrem – combinação de veículos de carga (CVC) com PBTC de 91 toneladas e 11 eixos – que foi aprovado em dezembro de 2016 pela resolução 640 do Contran, está sendo contestado na Justiça pela Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA). O veículo está autorizado a percorrer trajetos de, no máximo, 100 quilômetros. Diumar Bueno, presidente da CNTA, diz que vários fatores levaram a entidade a tomar essa medida. “A começar pela segurança: é um veículo muito pesado, longo e lento, difícil de ser ultrapassado.” “Além disso, com esse peso é um veículo que deteriora o pavimento”, prossegue Bueno.

Ele também ressalta que boa parte das pontes e viadutos no País é anti ga, da época em que o peso bruto total dos veículos era de 25 toneladas. “Todo o mundo perde com esse veículo, menos um nicho muito pequeno de empresas que estão mobilizadas para reduzir custos”, declara o presidente da CNTA, referindo- se ao setor sucroalcooleiro.

Segundo Bueno, o Contran deveria ter discutido a autorização para a CVC na Câmara Temática de Estudos  do Transporte Rodoviário de Cargas do  Ministério dos Transportes, antes de  autorizá-la. Ele conta que pediu vistas  no processo que resultou na resolução  640. “Ineditamente, foi negado. Foi uma decisão de cima para baixo”, critica. Para o presidente da confederação, o fato de a resolução 663 impedir que  a CVC rode além de 100 quilômetros  não ameniza a situação. “Qual o critério  técnico que utilizaram para isso.  Por que 100 quilômetros e não 98  quilômetros? Daqui a pouco, vem alguém  e pede para aumentar esse trajeto  para 200 quilômetros”, reclama.

CONTRAPONTO – Para o engenheiro mecânico Rubem Penteado de Melo, da TRS Engenharia, a nova CVC é uma boa solução. “A resolução mantém as mesmas dimensões do rodotrem de 74 toneladas: 30 metros de comprimento (máximo), 2,60 metros de largura e 4,40 metros de altura. Não há como aumentar o volume de carga transportada”, afirma.

Assim, para ele, trata-se de uma forma “inteligente” que o Contran encontrou para equalizar possíveis excessos de peso em alguns setores. Com 11 eixos, em vez de nove, e as mesmas dimensões, de acordo com o engenheiro, a configuração fica mais segura e mais amigável ao pavimento. Melo ressalta que, de acordo com a resolução 663, o requerente da Autorização Especial de Trânsito (AET) fica responsável por possíveis reformas que sejam necessárias nas obras de arte onde pretende trafegar. Além do transporte de cana, de acordo com ele, a CVC seria uma alternativa para a madeira. “Mas, hoje, a maior parte dos veículos que atuam no setor florestal está rodando mais que 100 quilômetros”, ressalva.

A Randon também aprova o 91 toneladas. O diretor de Tecnologia e Inovação da Randon, Sandro Trentin, diz que a configuração é “perfeitamente alinhada com a tecnologia existente na nossa empresa”, e deverá ter um comportamento satisfatório na operação de transporte. Segundo ele, composições muito maiores que essa circulam em outros países. “A Austrália é a grande referência mundial nos super-rodotrens”, afirma.

Embora o implemento seja considerado muito grande para as estradas brasileiras, para as demandas do setor canavieiro ainda está aquém da necessidade, segundo explica o supervisor agrícola da Usina Melhoramentos, de Jussara (PR), José Carlos dos Anjos. Ele diz: “A tara de um conjunto canavieiro é muito alta, 37 mil quilos. Com mais 54 toneladas de carga, completando as 91, dá duas caixas pelo meio de cana em um rodotrem, ou seja, o conjunto ainda estará transportando peso morto”.

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